Por Pachá
Eu não sei que tipo de música faz a Phoebe Bridgers, mas ao dizer que Eric Clapton, a quem também nunca fui fã, é um racista com antecedentes históricos me chamou atenção, e ao pesquisar vi que ele, Clapton, apoiou nos anos 70 políticos da Frente Nacional Britânica, partido notadamente com discurso fascista que tinha como bandeira, repatriar negros, asiáticos e não brancos. E a partir de entrevistas de Clapton, Red Saunders tem o catalisador para criar em 1976 um contraponto a essa tensão social racial que tomava conta do Reino Unido. Em 1990 a Frente nacional Britânica foi reconhecido pelo parlamento europeu como uma organização neo-nazista.
Recentemente Clapton regravou música de Van Morrison contra o isolamento social. o que mostra que a critica de Phoebe tem fundamento.
O documentário White Riot de Rubika Shah investiga o movimento que ficou conhecido como Rock Against Racism RAR liderado pelo fotógrafo Red Saunders que criou uma frente de oposição contra UK National Front por meio da música, atraindo para causa bandas Punks de ska e reggae, como The Clash, Steel Pulse, The Select, Sham 69 e que logo chamou atenção da Liga anti-nazi que passou a apoiar RAR. É possível ver o posicionamento de artistas como Rod Stewart e Bowie, sim o camaleão, apoiando o discurso de lideres ultra direita como Enoch Powell, "É nosso pais, vamos ganhá-lo de volta" e qualquer semelhança com, "American big again" e "Basil acima de tudo e Deus acima de todos" é mera semelhança. Outros que se se apropriavam de símbolos nazistas, como suástica, se diziam contra o racismo mas que tinha o direito usar tais símbolos, caso de Sid Vicious, Adam and the Ants, Siouxsie and the bashees que recentemente foi questionada sobre o fato...
O doc mostra a união entre bandas de reggae, o reino Unido talvez seja o pais que mais consome ska, reggae fora da Jamaica e juntamente com a militância midiática do The Clash que surgia na cena do movimento recém criado, punk com seu primeiro álbum em 1977, se transforma na cara do movimento contra o racismo cuja música white riot dá alicerce para o movimento tornando a mensagem poderosa o que ajudou a atrair atenção dos jovens e classe trabalhadora. As entrevistas de Joe Strummer, filho de operário e que se não fosse a música teria o mesmo destino do pai, é sensacional, "Se não fossemos pobres, desempregados, talvez estaríamos cantando sobre, romances e beijos".
All the power's in the hands
Of the people rich enough to buy itWhile we walk the streets
Too chicken to even try it
An everybody's doin
Just what they're told to
And nobody wants
To go to jail
Engraçado como alguns, na verdade muitos, punks e skinheads neo-nazi, por meio é claro de líderes da Frente Nacional, também tentaram usar a letra de White Riot para atrair mais jovens para suas fileiras, mas não funcionou com o explicito apoio do The Clash a liga anti-nazi e ao RAR, pois a letra é uma critica as elites que se amparava no colonialismo britânico para pregar a supremacia branca. E também a falta de perspectiva de futuro diante de uma nação em colapso econômico e social ainda em recuperação da II Guerra Mundial, e isso foi um dos motes do movimento punk britânico, claro tem a invenção do Malcon McLaren e Vivianne Westwood ao produzir a banda Sex Pistols para vender suas roupas, mas as sementes do inconformismo, revolta e tensões sociais já estavam semeados.
Creio que de todos os movimentos que tem na música um elemento transformador, este é o que efetivamente alterou um evento, pois em 1979 a Frente Nacional perde as eleições, vale ressaltar, coincidência ou não, o movimento punk dá seus suspiros finais, mas isso, quem sabe, seja tema para um outro doc. com uma abordagem mais político social. E no todo, o doc de Rubika é um excelente documento histórico para entender as bases do punk tanto quanto movimento musical como politico.
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