Por Pachá
O filme de Wagner Moura é bastante carente, em sua narrativa de justificar o uso das armas pelos grupos militantes da esquerda daquele momento. O maniqueísmo preenche toda a narrativa, com diálogos panfletários, sem a menor preocupação nas causas do golpe, se limitando em algumas falas quando um dos personagens diz que, diferente de Cuba e Russia, os comunistas tinham apoio do povo, o que não aconteceu na ditadura brasileira.
O filme é baseado no livro Marighella: o Guerrilheiro que incendiou o mundo, que conta a trajetória do ativista baiano, no qual roteiro parece filtrar apenas o caráter carismático de Marighella sem muitas reflexões politicas, a não ser a luta de homens maus versus homens de bem. Este mau, é encarnado pelo delegado Lúcio (Bruno Galiasso) em uma atuação impecável que lembra muito Gary Oldman em "Leon: o profissional". Embora seja uma atuação mais que convincente, o roteiro acaba por transformar o delegado Lúcio na encarnação da própria ditadura, o que por sua vez, lembra os vilões de novelas.
A produção é bem cuidada com fotografia apurada, e um elenco bem entrosado, Seu Jorge com sua atuação característica correta, mas sem muito entusiamo, creio que mais pelo roteiro do que pelas suas qualidades cênicas, o que me levou a questionar se ele realmente era uma boa opção para viver nas telas o guerrilheiro. O restante do elenco não tem muito brilho, alguns até caricato, como Humberto, que mais parecia um psicopata e Bella que dá a cara do movimento estudantil, como se estes estivessem desprovido de maiores ideias, apenas uma luta do bem contra o mal. E mais uma vez, creio que isso se dá mais pelo roteiro, que leva os personagens a esse ponto de vazio, tornando difícil a empatia pelos personagens.
Marighella empolga no quesito ação, a cena inicial do roubo ao trem, é muito boa, a do cinema ainda mais empolgante, mas é desses filmes que precisa ser visto com alguma leitura do período, e no meu caso, tenho como referência, "Combate nas Trevas" de Jacob Gorender, que foi líder do partido comunista, e nessa obra ele faz uma interessante analise do período pré golpe de 1964, e passa por todos os personagens que se destacaram na militância brasileira, de Prestes a Marighella e todos os grupos revolucionários, etc.
A cena final é de uma desproporção cênica (sic) sem tamanho e lembra uma outra, a de Olga, quando esta diz aos gritos, eu estou grávida de Prestes ou coisa que o valha...Esse homem amou o Brasil!!!
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