domingo, 20 de junho de 2021

Porto

 
Por Pachá

Radicado nos USA, o brasileiro Gabe Klinger tem na bagagem documentários e curtas, mas seu primeiro longa de ficção, Porto é o encontro da carência com a loucura, que alguns podem ver nisso a tradução do amor.

O filme traz a interessante mistura de formatos na captura das imagens, 8 mm, 16mm e 35mm. A fotografia de Wyatt Garfield é discreta no que diz respeito a movimento e composições. E se o grão do filme salta aos olhos, por outro lado há uma inexplicável economia de cenas da cidade que dá  nome ao longa, repetindo locações

Jake (Anton Yelchin) é uma espécie de Wether pós moderno a deriva, entre empregos que não o definem e como ele mesmo diz, "não vivo para o meu trabalho, aceito tudo que aparecer". Em um bar ele conhece Mati (Lucie Lucas) e o dois engatam um romance.


A narrativa não linear, é calcada em uma montagem que em minha percepção reduz a força da narrativa, a opção por contar a história a partir do fim e pela perspectiva dos protagonistas, uma história para cada um, me deixou a dúvida sobre a montagem. As interpretações, principalmente de Anton, que faleceu logo após as filmagens, consegue sustentar a narrativa e envolver os telespectadores. Lucie Lucas tem uma postura correta em sua atuação e presença, mas ainda que tenha todo um cuidado com a criação de uma personagem volátil, indecisa, instável emocionalmente, sobre sensualidade e faltou eloquência a personagem, e é justamente nessa linha tênue, entre a sanidade e loucura, que a personagem de Anton se movimenta com muita naturalidade, em um tormento que lembra o jovem Wether de Goethe quando sua carência é suprida e depois alimentada com o abandono, que na percepção de Jake é inexplicável.

Porto cria uma expectativa atraente e elegante, e ainda que não atenda as expectativas, vale a pena ser assistido.


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