Por Pachá
O longa Dente por Dente é uma prova de que o cinema de gênero brasileiro está ganhando força, tanto no quesito técnico, quanto em estrutura narrativa, e nesse, caso o roteiro de Arthur Warren aproveita bem o artificio de cliffhangers, que coloca o protagonista em situação limite. E o filme já começa com um belo plano de um corredor de hotel seguido por uma atmosfera onírica de suspense na qual se encontra Ademar (Juliano Cazarré).
Rodado em São Paulo o roteiro e fotografia explora com sagacidade os elevados, pontes da metrópole, em relacionar a fome voraz do mercado imobiliário com a falta de escrúpulos e descaso com os atores sociais menos abastados. E nesse ponto o roteiro transforma uma crítica social, terror de não ter uma moradia, em uma espécie de maldição, "o homem da encruzilhada vem te buscar".
Ademar é sócio de uma empresa de segurança que presta serviço para uma grande construtora de mesmo nome de sua empreendedora, Meirelles (Renta Sorrah) e se vê envolvido em uma trama macabra e quando seu sócio, Teixeira é encontrado morto em um quarto de hotel ele passa a vivenciar o que pare ele são sonhos. Ainda que as pistas sejam até óbvias, o filme agrada pelo suspense e com a boa atuação de Cazarré, muito embora os demais personagens não tenham a mesma construção e desenvolvimento.
A fotografia de Bruno Tiezzi em conjunto com a direção de arte confere ao longa uma atmosfera neo noir que agrada bastante, tanto no aspecto policial quanto suspense quando comparado aos filmes do gênero, e creio que a referência mais explícita é Coração Satânico 1987 (Angle Heart), de Alan Parker.
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