Por Pachá
O primeiro longa de Cuartas tem como enredo relações familiares frágeis e doentias com toque sobrenatural.
O primeiro ato mostra uma familia em uma rotina insólita e surreal nos cuidados de Thomas (Owen Campbell), rotina essa que cobra um preço do qual eles não sabem se estão dispostos a pagar ou mesmo as consequências, e ai reside o instinto básico de qualquer espécie, a sobrevivência e perpetuação. O roteiro cria uma atmosfera bem intrigante ao deixar a cargo do espectador as interpretações sobre a origem da família ou mesmo da curiosa doença de Thomas, sugerindo que este, Jesse (Ingrid Sophie Schram) e Dwight (Patrick Fugit) tem mais idade do que aparentam ou mesmo da hierarquia que reinam entre eles.
A fotografia e o desenho sonoro amplificam o mistério em torno da família que insiste em se manter em um mundo que não vale mais a pena para eles. Dwight quer abandonar Jesse e Thomas mas lhe falta coragem ou melhor, o lanço sanguíneo acaba por falar mais alto a ponto de ele abdicar de seus sonhos e da própria vida, mas a vontade de fugir dessa rotina se fortalece quando ele conhece uma garota de programa.
As atuações são competentes, a modelo e atriz Ingrid Sophie no papel de Jesse que mantém a família unida, mas que sabe que precisa ter pulso forte, tem uma personagem que casa bem com suas expressões faciais, conferindo a personagem o ar sombrio e misterioso. É por meio de Dwight que enxergamos a família, é dele o maior conflito da trama, e sua atuação é precisa e comovente sem melodramas nem exageros ou mesmo revolta. Owen está bem convincente na pele de um ser que impõe todo um sacrifício ao grupo, mas que também tem desejos simples, como sair e conhecer outras pessoas.
O que fica ao final do filme, é o mote de sobrevivência, algo que os americanos tem com uma espécie de religião, mas a despeito de qualquer classificação do filme, o que se tem é uma produção simples e eficiente, com parcos e precisos diálogos, com ritmo lento mais instigante.
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