segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Lamb

 
Por Pachá

Com ritmo lento e imerso na total falta de lógica como narrativa, Lamb tem a mesma atmosfera de The Witch 2015, aliás há muitas similaridades entre os filmes, e não é pelo fato de ambos serem produtos da A24. Há uma simbologia pautada na bíblia na qual a figura paterna é associada ao anjo caído, Lúcifer e também da escolha do carneiro, que na bíblia é associado a figura do menino Jesus.

María (Noomi Rapace) e seu marido, Ingvar (Hilmir Snær Guðnason) vivem isolados numa fazenda na Islândia, na qual criam ovelhas e carneiros. A rotina é tão monótona quanto pesada, mas ambos parecem resignados em um pesar por alguma perda que é muito bem trabalhada pelo roteiro ao encaixar as peças que preenchem a historia pregressa de María e Ingvar.

A rotina do casal é quebrada quando adotam uma bebe ovelha, e a partir desse ponto é exposto toda aposta do roteiro em uma narrativa alicerçada na falta de lógica e do estranhamento. A chegada de Pétur (Björn Hlynur Haraldsson) irmão de Ingvar coloca em curso uma trama paralela que sugere um relacionamento antigo e infiel de María com Pétur e que também explica, mesmo que muito sútil, o pesar do casal, María e Ingvar, que mais tarde ficamos sabendo se tratar da perda de uma filha.


Embora a A24 tenha distribuído o filme, ela não teve qualquer intervenção criativa na obra, ou seja, a A24 comprou uma obra pronta. A produção executiva é de Noomi Rapace e Béla Tarr. A fotografia explora as grandes paisagens islandesa explorando a solidão e nossa impotência diante da natureza indomável.

A parte do realismo fantástico fica por conta do bebe híbrido e a fácil conotação com personagens bíblicos, como Maria, Pedro, o fato de Ingvar ser marceneiro e a própria forma como esse bebê ovelha é adotado e de como esse bebê inspira compaixão em um presépio bizarro.

Lamb é da safra dos filmes de terror contemporâneo que aposta não só no manjado maniqueísmo forças maligna versus bem, mas também, no ser humano como criador de seu próprio inferno onde há uma conjunção do surrealismo e da vida dura e implacável na qual nos apegamos como lastros do oficio de viver, e ai é fácil se expor ao estranho e adotá-lo como normal.



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