Por Pachá
A escravidão é uma mácula na história da humanidade, mas que uma mácula é uma das tantas atrocidade que o sapiens impôs ao seu semelhante. E quando se estuda a escravidão do povo africano, a crueldade salta aos olhos pelo fato de um ser humano ser alçado a condição de coisa, ou seja, a coisificação de um ser.
O discurso do advogado Luiz Gama (1830 - 1882), em defesa de um escravo, toca nessa questão, e coloca ele mesmo como prova cabal de que a teoria racial em voga, propagada pelo imperialismo europeu, além de nefasta, era uma falácia.
Outro ponto importante em que o filme toca, são os mecanismo de resistência dos escravos, e que não é trabalhado nos livros didáticos sobre o período colonial brasileiro. As fugas, revoltas, assassinato de senhores de engenho, aconteciam, e há registros de tribunal sobre tais fatos que a historiografia do período ainda investiga.
A estrutura narrativa do longa de Jeferson De é bem didática, e até escamoteia as relações de poder entre o brasileiro branco e o escravo, seja ele africano ou brasileiro. A elipse entre, Gama o escravo e o doutor Gama, é grande, e sugere que Gama de alguma maneira teve uma ascensão social e humana relativamente fácil, em minha percepção, faltou um maior trabalho nessa transformação, mas que é compensada pela bela e convincente produção em remontar o período, ainda que de forma bem minimalista com enquadramentos fechados, pouco figurantes, cenários simples mais eficientes, bem captados pela fotografia de Cristiano Conceição.
As atuações são corretas e Cesar Melo como Luiz Gama tem ótima presença de cena e entonação vocal. No elenco ainda tem Higor Campagnaro, Isabél Zuaa, Zezé Mota, Erom Cordeiro.
Ao final creio que a mensagem que Jeferson quer passar é justamente a de trazer para o debate personagens pretos importantes, protagonista, da história do Brasil.
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