Por Pachá
Me chama de Greta, vai, Greta Garbo...
Tudo no primeiro longa de Armando Praça é imerso em uma catástrofe involuntária e irremediável, e como deixa claro o Dr. Arnaldo (Robério Diógenes), "gente como a gente, vai longe para ajudar um amigo", palavras desprovida de amabilidade quando empregada como ameaça, ou mesmo a doença que consome Daniela (Denise Weinberg). Este é o universo e o estado das coisas de Pedro (Marco Nanini) que ao que parece, teme mais a solidão do que a morte.
Com uma visão um tanto pessimista, Praça conduz seus personagens por uma espessa e complexa teia de afetos, identidades diante de um mundo pouco efeito a problemática homoafetiva. Pedro é um enfermeiro gay, que confronta a possibilidade de perder sua única e mais fiel companheira, Daniela que foi diagnosticada com uma doença terminal, mas em ato de auto proteção, e como efeito colateral o egoísmo, não quer ficar internada, e muito menos prolongar sofrimento, o que coloca Pedro em uma situação delicada, e essa é mãe de atos desesperados. Pedro ajuda Jean (Demick Lopes), a fugir do hospital, um sujeito acusado de assassinar um outro em briga de bar.
Armando Praça e Marco Nanini
Ente Pedro e Jean surge uma relação que aos poucos ultrapassa a ajuda mútua, além de possuir um perigo latente, já que Jean é um foragido da polícia. As atuações são excepcionais, Nanini esbanja talento com ótima presença de cena, expressão facial e corporal e juntamente com Demick que já havia dados mostra do ótimo ator que é em inferninho, proporciona lindas e tristes cenas.
A fotografia de Ivo Lopes é muito bem construída, dando profundidade e dramaticidade aos personagens.
Armando Praça que já trabalhou com vários nomes do cinema nacional, como preparação de elenco, assistente de direção e roterista e em seu primeiro trabalho, só demonstra a boa safra de diretores cearences e profissionais que fazem parte de uma recente perspectiva de formação cinematográfica no Ceará, marcada pelo Instituto Dragão do Mar de Arte e da Indústria Audiovisual (IDM).
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