domingo, 22 de setembro de 2019

Inferninho

Por Pachá

Inferninho encanta pelo interpretação do elenco, todos integrantes do grupo bagaceira de teatro, e também pela atmosfera onírica graças a direção de arte. 

A trama é simples, dono de bar, inferninho, Deusimar (Yuri Yamamoto) sonha em conhecer o mundo, a vontade aumenta com a chegada de Jarbas (Demick Lopes), um marujo misterioso. A narrativa não se aprofunda nos conflitos dos personagens, apenas em suas angustias, de isolamento ou solidão, sugerindo que inferninho é um lugar onde se pode ser, quem realmente é. Em um momento vemos desde o MIckey Mouse até o Wolverine, em referência a cultura pop. E quem nunca se imaginou homem aranha, mulher maravilha, etc...?

A solução para iluminação e luz, é acertada e com resultado sensacional, que chama logo a atenção, com luzes duras e recortadas e sombra que remetem ao Expressionismo, e marcação de luz característica do teatro que aliada a locação com paredes mofadas, manchadas, mesas enferrujadas amplia essa sensação de angustia, decadência e tempo congelado, como se os personagens nunca tivessem saído do inferninho, eles chegam, mas nunca saem como em o Anjo Exterminador de Buñuel. 

A composição dos personagens, embora peque criar maiores conexões com expectador, ainda sim chama atenção pela performance, o coelho (Rafael Martins) entrega ótimas cenas em expressão e movimentação. Luizianne (Samya De Lavor) e a segurança caixa preta (Tatiana Amorim) poderiam ter um melhor desenvolvimento, já que o roteiro sugere um romance entre as duas, mas que não compromete, e ainda sim demostra o excelente entrosamento do elenco.

Confesso que tinha ressalvas com o cinema dos cearences, Guto Parente e Pedro Diógenes, Estrada para Ythaca e O estranho de caso de Ezequiel não me agradam, mas com O Clude dos Canibais eu fiquei interessado em conferir Inferninho, e sem dúvida há um amadurecimento, e não a toa esses dois filmes tem sido bem recebido em festivais nacionais e internacionais.









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