Por Pachá
Com uma narrativa fluída e atraente, Gênesis tem como centro de sua história os caminhos de três amigos, Pedro, Nando e Dinho no difícil oficio de viver. Pedro é professor de Língua Portuguesa, Nando professor de História e Dinho analista de sistema. E ambos enfrentam os problemas existenciais e seus respectivos lastros na manutenção da sanidade na cidade do arrepio.
O recorte temporal é o pós manifestações de 2013, e o geográfico a cidade do Rio de Janeiro que após experimentar a pax carioca, com as UPPs, emprego pleno alavancando pelo pré sal e expectativas do legado olímpico, amarga o choque entre a expectativa e realidade.
Pedro sofre com a separação da namorada. Dinho com os problemas de gestão de um casamento falido e a expectativa de um novo amor. Nando com uma depressão sem fundo e sem fim. Os três dias fica por conta de Nando cujo arco dramático é mais teatral do que literal e arrasta os dois amigos para o centro de seu furação. E ambos, em uma simbiose com a cidade que passa por transformações com várias obras, eles também estão em pleno processo de transformações.
A estrutura narrativa não esconde a veia teatral de Gênesis que também é ator, formado pela escola de teatro Martins Penna. Os diálogos são bem construídos, conferindo dinamismo aos conflitos dos personagens, seguindo bem ao pé da letra o que dizia Graciliano Ramos, "A palavra é para criar atos contundentes, como o corte de uma navalha..."
Gênesis é graduado em Letras e mestre em literatura brasileira e tem nesse romance, sua estreia como escritor. Três dias de Agosto é desses livros que se lê em um suspiro, já que também somos consumidos pela narrativa e conflitos dos três amigos.
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