quinta-feira, 29 de março de 2012

Gélido Abraço

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de Matos - Abraço de Morte

No frio aconchego de sua sala,
O mundo é fantástico e sobrenatural,
Não há impasses tampouco reprovações,
Todos são bons ouvintes.
Eles vem e vão, os nomes não importam,
Rostos e corpos ficarão estampados na lembrança.
No corpo gélido, embalo de sonhos ardentes.
No abraço sem vida tem-se ritmo de emoções desesperadas,
Consumida com determinação e maestria dos que sabem esperar,
E numa noite, celebração dos desejos de uma vida,
Noutras situações ela jamais o notaria.

Na sua pungente dança, tempo não mais existe,
No requinte do seu amor, lembrete da mortalidade,
Cada minuto, em cada movimento,
Logo ela partirá como tantas outras,
Levando pouco de vida que ainda te resta,
Levará vida ainda que efêmera em carne morta.
Deixará lembranças de vida em morte vivida,
Encharcará terra com volúpia do dia.
Noutras noites ela jamais o notaria

No silêncio das curvas de triste corpo os toques são estáticos,
Não há violação, apenas instinto.
No olhar gélido de pálidas retinas,
Não há despedidas, apenas o cair da noite.
Na angustia dos gritos velados pelo silêncio,
A compensação de toda amargura e invisibilidade.
Nos movimentos calculados, fúria contida de frios olhares,
No quente suor que se perde no Gélido abraço.
Noutros tempos ela jamais o notaria.

O momento é fugaz, desfrutado com regozijo,
Suas palavras nunca disseram nada,
Em seu coração, já não sente o que os olhos vêem,
Mas hoje, luar sela peles numa só,
E somente esta noite te amo para esquecer-te ao amanhecer,
Te aqueço para em seguida entregar-te ao frio da escuridão,

E tudo que restará viverá na lembrança de pigmentos sem vida.

Por Pachá ® Todos direitos reservados.

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