Há tempos atrás assisti ao filme immortel (Ad vitam) do diretor iugoslavo, naturalizado francês Einki Bilal e fiquei impressionado com fotografia e ambiente futurístico utilizado na estrutura narrativa do diretor. Mas o filme é baseado nas graphic novels, A feira dos imortais A mulher armadilha e Frio equador. As três historias foram escritas e desenhadas entre 1986 e 1992, e recentemente foi lançada em formato encadernado, sob o titulo Trilogia Nikopol. A três historias se entrelaçam, quando o deus egípcio hórus de hierákopolis toma o corpo mortal do astronauta Alcides Nikopol, condenado a hibernação no espaço por lutar contra o regime fascista (uma espécie de hansolo, caso Jaba tivesse conseguido criogená-lo). Trazido a “vida” por horus nos arredores de uma Paris futurística no ano de 2023 horus e Nikopol tentam se adaptar a esse novo mundo. Mas horus tem um plano de vingança contra seus pares igualmente imortal, basset e Anúbis, que tem sua estranha espaçonave em forma de pirâmide sob céu de Paris. Os deuses imortais negociam com o fascista presidente de Paris a liberação de combustível para sua nave, em troca o presidente pede a imortalidade que é veemente negada pelos deuses egípcios.
Além dos aspectos políticos abordado na ficção noir, Bilal também imprime grande carga onírica em seu traço, principalmente na segunda historia frio Equador bastante impregnada de surrealismo e romantismo. Mas nas três historias estão permeadas de intrigas políticas, busca insensata pelo poder e sua conseqüente corrupção, bem como a divinização e religião como meio de controle de massa e justificativa de guerras. Bilal que começou nos quadrinhos na década de 70 tem como nutrientes de suas historias temas de teor sombrio, surreal sempre com aspectos sci-fi no gênero realismo fantástico. Por aqui a graphic novel foi lançada pela editora Nemo que caprichou na encadernação de capa dura 24 x 32 cm conferido a HQ luxo e estilo. O preço é que não é animador 69 dinheiros. Mas vale cada página.
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