sábado, 1 de setembro de 2012

Vampiro de Curitiba

Por Pachá
O vampiro que se aventura pelas ruas de Curitiba atende pelo nome de Nelsinho que tem sede e fome de carne feminina. Com narrativa carregada de ironia e por vezes tristeza, Dalton Trevisan cria seu mais famoso livro de contos. Não é demais lembrar que juntamente a outros escritores latinos como Carlos Fuentes, a literatura sul americana ganhou novas nuances. Escrito em 1965 o vampiro de Curitiba é uma "fábula" urbana, da procura incansável pela experiência do prazer, sim os contos tem forte conotação erótica, mas em momento algum esbarram em vulgaridade.

Os diálogos carregam certa obsessão em encontrar linhas que representem essa busca de um universo próprio que Trevisan criou tão bem, mulheres entre a felicidade moral e carnal e entre elas o vampiro Nelsinho ora comedido, ora inescrupuloso em alcançar seus intentos de gozo. Visita à Professora e Encontro com Elisa dão exemplo dos extremos que Trevisani consegue alcançar na sua visão vitoriana do prazer pelo perigo ou por pura existência do animal que somos.


- Podem dar pela minha falta.
- A que horas você sai?
- Moro aqui seu bobo.
Em desespero o herói mordia as unhas.
- A criança dormindo. Lá no quarto?
- Engraçadinho. É minha filha.
- Que filha?
- Ora, a que passou por aqui.
- Não Sabia.
- Acho que ela desconfiou. Preciso entrar, volto logo.
- Quanto tempo?
- Dez minutos.
O rapaz mordia-lhe a pontinha da orelha.
- Paciência meu amor.
Elisa fechou a blusa mas não se ergueu. Tanto o marido a fizera infeliz, depois abrira asas...

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