domingo, 4 de dezembro de 2011

BlaxPloitation


Por Pachá
Na década de 70 um movimento negro sacudiu os grandes estúdios de Hollywood, BlaxPloitation, termo criado de forma pejorativa mas, que acabou por rotular o movimento. Hollywood desprezava o publico alvo, ou seja a comunidade afro-norte americana. Mas os filmes dirigidos por negros, estrelados por negros deu tão certo que Hollywood lançou mais de 200 filmes, tudo era "black", tinha black dracula, black shampoo, black lolita e até black gestapo (...).

Quando em 1970 David Ossie lançou Rififi no Harlem deu voz de liberdade a comunidade afro-americana,  e criou o marco para o movimento, possibilitou a máxima do "black is beautiful "quando abriu a cena para os mais belos modelos negros dos anos 70, mesmo que de forma exagerada, coloridos psicodélicos, cabelos os mais cheios possíveis, isto era ser "say it loud, I'm proud to be black", aparecer de qualquer maneira, mas com estilo.

Mas o blaxploitation levantava a polemica da questão racial nos EUA e logo caiu nas graças de outro movimento negro, mais engajado politicamente, Os Panteras Negras e também atraia comentários negativos de outros grupos negros, quando alegavam que os filmes blaxploitation era um fenômeno de ódio a si próprio, quando colocavam os personagens negros como; traficantes, bandidos, drogados. Com estética própria e no curto período, aproximadamente dez anos, o blaxploitation passeou por vários gêneros; comedia, guerra, terror sem perder certo realismo social.

Escrito, dirigido e estrelado por Martin Van Peebles. Neste filme de 1971 a estética blaxploitation já estava presente. O negro como malandro, objeto sexual, diálogos carregados de palavrões. Mas que ao abraçar a causa negra, racismo, deu grande notoriedade ao diretor. A historia é sobre um malandro que ganha a vida fazendo sexo ao vivo e durante uma cena de violência contra um negro, ele acaba matando dois policiais. Na fuga o politicamente incorreto herói, vive uma profusão de aventuras.
Van Peebles que havia publicado o livro, The Big heart, nessa época ele trabalha como motorista de street car (bonde) achou que poderia fazer filmes de baixo orçamentos, USD 500. Consegue com a columbia pictures, em 1970 a oportunidade de rodar seu primeiro filme, após essa experiência, quis ter controle total sobre a produção. E fez Sweet sweetback's baadasss song que custou USD50 mil e faturou 10 milhões.
Em 1971 Gordon Parks também lança outro emblemático filme que marcaria o blaxploitation, Shaft. Estrelado pelo modelo Richard Roundtree. Shaf foi a mais bem sucedida franquia dos filmes blaxploitation e isso em uma época em que era raro os filmes terem continuações.

John Shaft é um detetive particular com escritório próximo a Times Square em Nova Iorque. Certo dia ele recebe a visita de um policial para encontrar um mafioso do Harlem, a partir desse argumento Shaft vai se envolvendo em tramas com pano de fundo racial. O filme é marcado pela musica de Isaac Hayes.

Gordon Parks antes de estrear nas telas já era um fotografo bastante conhecido no mundo da moda e como fotojornalista para revista Life. Ele retratou a vida de moradores do sul dos estados Unidos e nas favelas brasileiras. Acima de tudo Parks era um ativista politico, preocupado com a situação não só dos negros, mas dos excluídos em geral.
Shaft teve mais duas continuações; O Grande Golpe de Shaft (1972) e Shaft na Africa (1973), este dirigido por John Guillermin.

Em 1972 Gordon Parks Jr. (filho mais velho de Gordon Parks) lança Super Fly que é considerado um clássico do blaxploitation, onde é retratado o submundo das drogas e dos traficantes.

Priest (Ron O'Neal) é um traficante que planeja uma aposentadoria. Para tal ele arma um plano para conseguir os fundos para uma vida longeva, longe das drogas e mafiosos. Mas no mundo do crime não há descanso, e certamente os chefes de Priste não vê tal ato com bons olhos.
Outro filme que tem trilha sonora marcante de Curtis Mayfield, que faz ponta tocando numa boate em uma das cenas.

Outra curiosidade a cerca desse filme é que ele desbancou o Poderoso Chefão de Coppola como filme mais visto em 1972.
Super Fly provocou enorme polemica, bem como protestos nas entradas dos cinema, pois as famílias negras acreditavam que o filme glorificava o mundo das drogas e os traficantes. A começar pela story line, he's got a plan - to stick it to the "man" (Ele tem um plano - enfiar no cara. Que era uma espécie de gíria para se referir a América branca).


Em 1973 outro filme, um dos seis filmes blaxploitation, a figurar entre campões de bilheteria nos EUA.

Estrelado por Pam Grier que se tornou a grande musa do blaxplotation. Basta saber que Tarantino fez uma homenagem, não só ao movimento como a essa atriz, em Jackie Brown de 1997, sem contar sua admiração confessa pelo diretor Jack Hill.

Coffy é a saga de uma enfermeira, Flowerchild Coffin, ou Coffy, após ter sua irmão morta pelas drogas, se transforma em uma justiceira, cuja bandeira é banir corruptos e traficantes, se não do mundo pelo menos de seu bairro.

Falar de Coffy e não mencionar as curvas de Pam é imperdoável, uma vez que o filme tem bastante sensualidade e grande dose de violência, até mesmo para os padrões da época.

Jack Hill veio a lançar outro filme, Foxy Brown (1974) com mesmo teor de violência e temática, justiça com as próprias mãos, também estrelado por Pam Grier que estava colhedo frutos do estrondoso sucesso de Coffy.
jack Hill que foi colega de sala de Coppola na Universidade de Cinema da California, era filho de um desenhista dos estudios Disney. No inicio da carreira, juntamente com Coppola foi aprediz de Roger Corman em Sombras de Terror.

De 1973, Juntamente com Super Fly, Black Caesar foi um divisor do blaxplotation. As questões de falta de oportunidade, de inserção social jogando os negros para o submundo das drogas e gangues passou a ser temática principal dos filmes blaxploitation.

Dirigido por Larry Cohen, hoje renomado roteirista de Hollywood. Black Caesar é a trajetória de Tommy Gibbs (Fred Williamson), que de engraxate vai a grande chefão do Harlem, no mais autentêntico estilo "self made man". O filme era uma forma de dizer que os negros também queriam sua parcela do sonho americano.

O ator principal, Williamson antes de atuar era o "the hammer" um famoso jogador de futebol americano. A trilha sonora é outro deleite a parte do filme, assinada por ninguém menos do que o senhor dinamite, James Brown.

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