Aura é um termo médico para designar a fração de segundos que antecede um ataque epilético. Este mal assombra o protagonista desse ótimo thriller policial argentino. Spinoza (Ricardo Darin) é um introspectivo cidadão que nutre estranho sonho, realizar assalto perfeito. Taxidermista por profissão ele idealiza mentalmente todos os detalhes para que um assalto saia limpo e perfeito, até porque ele conta com algumas habilidades, memória fotográfica e extremo senso de dedução.
O diretor Fabián Bielinsky equilibra com grande sincronismo os dilemas de Spinoza, homem distante e pouco afetuoso com esposa, aos desejos de liberdade em realizar o assalto perfeito. Numa cena curiosa vemos desespero de um homem, Spinoza é abandonado pela esposa, mas nesse fato fica apenas resignação de um individuo descolado do mundo. A convite de um colega, a principio recusado, Spinoza aceita passar final de semana na Patagônia e praticar caça, mesmo sendo avesso a matança de animais. A partir desse ponto há apresentação de novos personagens, tão misteriosos quanto o próprio Spinoza. No primeiro dia em que os amigos saem para caçar Spinoza se desentende com amigo, e num gesto ingênuo de pura inexperiência decorrente de auto-afirmação, alveja por acidente um caçador. Ao investigar o corpo Spinoza descobre pistas de um assalto em andamento e resolve prosseguir com o plano e dar vazão ao seu sonho.
El Aura é um exemplo irrefutável da maturidade do cinema argentino e Fabían cria um ótimo suspense regado de dramas e conflitos sociais para narrar historia de um sujeito obcecado por um desejo de aventura perigosa. Historias de crime não é novidade na filmografia de Fabían, que já vem desde Nove Rainhas sua primeira parceria com Darin. Outro ponto forte do filme é a atuação sempre correta e convincente de Darin, é impressionante a versatilidade desse ator, o mesmo pode-se dizer do restante do elenco, mesmo os que pouco falam ou aparecem imprimem grande tensão no desenrolar da trama.
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