quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Quadragesimo Primeiro


Por Pachá

O quadragésimo primeiro é o primeiro longa de Chukhrai que foi veterano do segundo conflito mundial, este evento marcou definitivamente sua visão de mundo e permeou toda sua filmografia. Em 41º ele faz uma singela, porém interessante analise da revolução russa através do encontro entre dois inimigos, Maryutka (Izolda Izvitskaya) uma eximia atiradora do exército vermelho (bolchevique) e um tenente Nikolaevich (Oleg Strizhenov) do exército branco do Czar (contra-revolucionário). O filme que é de 1956 no período da guerra fria causou certas discussões, pois o relacionamento amoroso que surgiu entre os dois inimigos, não foi muito bem visto pelos revolucionários, que por fim concordaram que se cada russa bolchevique namorasse um russo contra revolucionário e o matasse em seguida, seria ótima estratégia de guerra. O interessante é que o filme sucinta questões sociais pertinentes a dedicação e sacrifício do povo russo para por fim ao regime czarista. Os diálogos dos dois personagens isolados em uma ilha do mar de Aral pauta bem as diferenças sociais entre a elite dominadora e a classe operária russa que estava formando a consciência proletária e tentando sair do sistema agrário para industrialização.

O roteiro é baseado na obra de mesmo nome de Boris Lavrenyov. Este tema havia sido filmado em 1927 por Yakov Protazanov, mas não encontrou a mesma recepção que o filme de 1956 sob direção de Chukhrai que deu uma visão mais romântica ao tema.


Um destacamento de soldados vermelho tentam atravessar o deserto de Karakum em direção ao mar de Aral e de lá partir para o Estado maior para ajudar as forças revolucionárias. No deserto o exercito vermelho confisca camelos de uma tribo nômade, mas entre estes está um tenente do exercito branco que carrega uma mensagem secreta para o auto escalão do exército branco do Czar. O líder do grupo vermelho decide não matar o cadete e sim levá-lo para o Estado maior que conseguira tirar informação do inimigo branco. O líder então nomeia Maryutka como responsável pela guarda do prisioneiro. De temperamento ríspido e bruto Maryutka passa a construir afinidades com seu prisioneiro que se estreitam ainda mais quando os dois se vêm sozinhos numa cabana de pesca, e o inevitável acontece, e dois se apaixonam, mas não tarda e as questões revolucionárias vêm a tona. Ela imbuída dos valores proletário não consegue admitir a felicidade enquanto o povo morre de fome. Ele tentando se livrar de toda ideologia e abdica de toda verdade numa postura individualista que vai caracterizar o pós guerra.

A questão social desencadeadas pela revolução russa foi muito bem espelhada na relação dos amantes, o esforço do povo para implantar o sistema socialista, dos sacrifícios a que eles se submeteram inclusive até renunciar ou sacrificar o amor em prol de causa maior, e ao final entendemos porque do título, alias este desfecho é anunciado desde as primeiras cenas. Embora não tenha a mesma pureza de Balada do Soldado, 41º é um bom filme para entender o processo a que estava submetido cada cidadão russo em nome do socialismo que pouco tinha a ver com a visão marxista.

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