domingo, 17 de novembro de 2013

I Walked with a Zombie 1943

Por Pachá
O produtor Val Lewton já tinha na bagagem um filme de horror quando produziu I Walked With a Zombie. No ano anterior ele havia feito relativo sucesso com Cat People. Note que nesta época os produtores eram os grandes pensadores do cinema ou pelo menos tinham mais influencia do que tem hoje. A RKO pictures apostou no talento de Val para filmes de horror e dai surge o clássico I walked with a zombie dirigido por Jacques Tourneur. O filme foi considerado pela extinta Stylus Magazine como um dos mais importantes filmes de zombies de todos os tempos.

Diferente das tramas que consagrou o gênero  no qual um experimento, um vírus transforma humanos em mortos-vivos, em I walked… temos algo bem original que reside no sincrestismo entre a religião africana com seus cultos a deuses pagãs e o catolicismo. 

A família Holland há gerações tem sua fortuna na exploração do açúcar das Antilhas. O primogênito, Paul Holland (Tom Conway) tenta recuperar sua esposa, Jéssica (Christine Gordon) de um permanente estado de sonambulismo. A paciente requer cuidados diários durante 24h. Entra em cena a enfermeira Betsy Connell (Frances Dee). Não há qualquer tipo de cena que leve o telespectador ao susto. O horror aqui é psicológico, baseado no desconhecido, no estranho para o mundo ocidental que é a religião africana e suas práticas  vodu. No Brasil ganhou alcunha de candomblé, praticado nos terreiros de santo. Diante da tecnologia onde os filmes de terror se apegam ao sobrenatural de corpos retorcidos, bocas espumando, certamente I walked… não tem muitos atrativos, mas julgar a obra de Val Lewton e Jacques Tourneur com os critério do cinema de horror atual é anacronismo, e para fugir de tal é preciso entende-lo dentro do recorte de época. Embora não contenha no filme, eu pelo menos não percebi, qualquer menção que nos situe dentro de uma data especifica, certamente trata-se de segunda metade do século XIX. Na única tomada externa, quando Betsy saia para conhecer San Sebastian (São Sebastião) é possível temos uma idéia do cotidiano da ilha. Nesse passeio Betsy acaba por conhecer alguns segredos da família Holland, segredos estes que não ficaram escondidos dos nativos.

Betsy em uma relação de amor altruístas, sabendo que Paul ainda ama Jéssica vai tentar de todas as maneiras fazê-lo feliz, mesmo que isso signifique renunciar seu amor. Primeiro ela tenta sessão de eletrochoque com insulina para tirar Jessica do estado catatônico em que se encontra. Vendo que os últimos recursos da medicina não surtem efeito, Betsy parte para os ritos vodu. E numa sessão descobre que Jessica está morta, uma morta-viva.

Para quem curte o gênero sem se apegar aos clichês dos modernos filmes de terror certamente vai se divertir.



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