terça-feira, 5 de julho de 2011

Malagueta, Perus & Bacanaço

Por Pachá
A escrita de João Antonio é retrato fiel dos indivíduos a margem da sociedade; putas, rufiões, malandros. Malegueta, Perus e Bacanaço, seu primeiro livro de contos, ganhou na década de 60, prêmio Jabuti. E fez de João Antônio representante literário do submundo, seja de São Paulo, Rio de janeiro ou Belo Horizonte. Como ele próprio defende ao final do livro, “Não é possível produzir uma literatura de heróis taludos ou de grandiosidade imponente, na vida de um país cujo homem está, por exemplo, comendo rapadura e mandioca em beira de estrada e esperando carona em algum pau-de-arara para o Sul, já que deve e precisa sobreviver”.

E conclama o escritor nacional a criar essa empatia com o cotidiano brasileiro. Malegueta, Perus e Bacanaço tem a curiosidade de ter sido reescrito, pois os originais queimaram junto com a casa da famila de João Antonio. Ele o refez com que se recordava. E o que temos é um livro de estilo novo e pungente. A marotagem dos seus personagens é de intensa verossimilhança, que engana quem julga ser sua escrita desleixada, ao contrário seu estilo seria único no Brasil se não fosse Plinio Marcos.  Conto Malagueta, Perus e Bacanaço virou filme nas mãos de Maurice Cappovila com o titulo de Jogo da Vida que tem no elenco Lima Duarte.

Ao final dos anos 60 João Antonio muda de estilo de vida, vende carro, larga emprego, separa da esposa passa a se dedicar em tempo integral a escrita. E para isso passa a fazer parte do universo que ele escreve. Em Copacabana anda de chinelos, bermuda misturados a travestis e rufiões da galeria Alaska.

Seu corpo foi encontrado quinze dias após sua morte no apartamento de Copacabana em outubro de 1996.

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