quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Repulsion 1965


Por Pachá
No seu terceiro longa, Polanski aborda a esquizofrenia sem compaixão. A bela da tarde Carole Ledoux na pele de Catherine Deneuve no apice de sua beleza, trabalha em salão de beleza para socialites inglesas, a noite é visitada por estranhos pesadelos.

A filmografia de Polanski esta repleto de "mania de perseguição". Sempre há alguém na espreita, real ou não. Esse fato certamente está relacionando com conturbada vida do diretor, desde infância onde viveu nos guetos de Varsóvia e as constantes mudanças de família para fugir do nazismo. Na fase adulta e já consagrado diretor, nova tragédia quando a família Mason (seguidores de Charles Manson) invade residência do casal e assassina brutalmente a atriz e sua esposa, Sharon Tate que estava grávida de oito meses. E mais tarde, 1979, acusação de estupro de garota13 anos.

Repulsion (Repulsa ao Sexo) filmado em 1965 é o primeiro longa da série apartamento, seguido em 1968 por Bebe de Rosemary e o Inquilino de 1976, ambos impregnado do terror psicológico. O espaço utilizado nos filmes de Polanski retrata esse tom claustrofóbico, seja o confinamento de um apartamento ou castelo espremido entre estradas cortando o nada e oceano, como em Cul-de Sac

Carole vive em apartamento no centro de Londres com Hélène (Yvonne Furneaux) sua irmã mais velha, que esta as voltas com homem casado. E ela, sob assédio de Colin (John Fraser) que vai ao extremo na tentativa de engatar relacionamento sério com Carole. O filme aborda, nas duas irmãs, os impulsos moral e imoral que permeiam as convenções sociais. Carole julga irmã por estar saindo com homem casado, a irmã por seu lado não vê desvio moral nesse relacionamento já que ele esta infeliz no casamento. Carole tenta obedecer as convenções sociais, casar e constituir família, mas ela sofre de repulsa ao sexo em grau extremo a ponto de entrar em crise com qualquer objeto que lembre a figura masculina. Suas noites são encharcadas de sonho aterrorizantes na qual é estuprada. As paredes do apartamento racham e dessas, mãos tentando agarra-las.
A medida que Carole vai mergulhando em sua loucura, o ambiente vai se transformando acompanhando, realçando o quadro esquizofrênico da protagonista. Nesse também há apelo do diretor em chamar atenção para influencia do meio externo ao ser humano e vice versa, dessa simbiose que é viver em sociedade.
As interpretações, majoritariamente de Deneuve, tão frágil com seu olhar perdido no infinito, ar angelical por vezes seduzida pelo convento, avistado da janela de seu apartamento, cujo pátio, freiras realizam infantis brincadeiras. Uma rapariga incapaz de atos aterrorizantes aos olhos da sociedade, no entanto por descuido, leva corpo de coelho decapitado na bolsa. Em momento de transe durante trabalho, por pouco não decepa dedo de madame. No entanto suas alucinações vão se amplificando na expectativa de ficar sozinha no apartamento no período de férias de sua irmã, que pretende viajar com namorado. Mas Hélène viaja. Os dias que se segue, sozinha no apartamento é o gatilho para afundar Carole no seu mundo de delírio e loucura e a perda do controle das ações lógicas, onde roteiro cria ponto de dúvidas. Em algumas alucinações,  é ou não real o que ela vê e sente?

Repulsion é um filme contundente quanto a visão de sociedade que o diretor quer passar, como afetamos e somos afetados pelo mundo a nossa volta. 

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