segunda-feira, 6 de abril de 2015

Christine 1983


Por Pachá
A década de 80 certamente foi o grande momento para John Carpenter. Ele emplacou uma série de filmes que se tornaram cult dentro da proposta do cinema trash, um rótulo associado aos filmes de terror de baixo orçamento, que não se aplicam aos filmes de Carpenter  que sempre primaram por boa fotografia, efeitos especiais convincentes e nada baratos para os padrões da época. Ele vinha de uma sequências de filmes que acabaram por criar essa cultura do filme “trash”, Fuga de Nova York de 1981, The Thing de 1982 ambas estrelada por Kurt Russell e Christine de 1983 baseado em história de Stephen King sem mencionar Halloween de 1978.

O cidadão comum tem grande crença em atividades paranormais, abduções extra terrestres, força malignas. Lembro de livro de Carl Sagan O Mundo Assombrado por Demônios, onde ele levanta a importância do equilíbrio entre o ceticismo e mente aberta para novas ideias, de saber discernir entre ciência e pseudociência. E partindo desse pressuposto, vale notar como é fácil enveredar pelos caminhos do ocultismo, esoterismo ou qualquer explicação que requer fé diante do analfabetismo cientifico. Christine se enquadra nesse filão de cidadãos comuns, ávidos por desbravar o desconhecido com explicações puramente atribuídas as forças malignas.

Christine antes de virar livro, foi concebido como roteiro de cinema por Stephen King que já gozava de grande fama junto ao publico de literatura do realismo fantástico. A historia de amor idealizada por King, entre um Plymouth Fury 1958 e nerd com problemas de socialização, é inusitada e surreal.

Arnie (Keith Gordon) é um estudante secundarista, inseguro e tiranizado pelos colegas da escola e pelos pais  protetores. Ele e seu melhor amigo, Dennis (John Stockwell) estão tentando sobreviver as voltas as aulas do ultimo ano do colegial antes de ingressar na faculdade. Dennis com aparência de surfista, leva vantagem com as mulheres. Arnie tem pinta de operário de linha de montagem automobilística de Detroit e ainda é virgem e não tem carro. A cultura automobilística é marcante, basta ver os muscle car exibidos pelos personagens. Na volta pra casa Arnie avista entre vegetação uma Plymouth alaranjado pela ferrugem. Decidido, ele compra o carro sem consultar os pais que vêm em tal ato um absurdo, adolescente de 17 anos comprar  carro. Mas Arnie está disposto a reforma-lo até o ultimo parafuso, até ultimo amassado de lataria.

O maligno automóvel vai aos poucos moldando a personalidade de Arnie e assassinando todos que se colocam entre ela, Christine, e Arnie.
A fotografia de Donald Morgan é rica em contrastes de cores primárias típica dos anos 80, tudo é muito iluminado ou muito escuro. As atuações estão dentro da veracidade do roteiro, destaque para o papel de Keith Gordon que faz muito bem a transição do nerd inseguro para macho alfa até a loucura completa. Para quem não se atentou, o cara, Gordon, dirigiu dez episódios de Dexter (2006-2013) e o piloto de The Leftovers (2014) além de dois longas e uma dezena de series para TV. No elenco também consta, Kelly Preston a musas dos filmes sessão da tarde, para quem não lembra ela estreou Mischief (no brasil com título a primeira transa de Jonatha), Secret Admirer (Admiradora Secreta) ambos de 1985 e mais tardem, em 1996 From Dusk till Down (Um drinque no inferno) depois nada que mereça comentários, inclusive Jerry Maguire de 1996. E a curiosidade fica por conta da atriz, Alexandra Paul cuja irmã gêmea as vezes a substituia nas cenas. Alexandra ficou conhecida pela serie Baywatch.

Christine é um clássico dos filmes de suspense e uma das melhores, em minha percepção, adaptações das historias de Stephen King, juntamente com Stand by me. Um filme que não pode passar despercebido na filmografia de amantes do gênero. 




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