segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Hell or High Water


Por Pachá
Hell or High Water (A Todo Custo) é daqueles filmes que deixa marcas, seja pelos diálogos ou mesmo a elaborada falta destes, que apoiado em imagens de intenso poder imagético nos dá a certeza de estar diante de uma pequena obra prima. O diretor David Mackenzie já havia caindo em minhas graças com os ótimos, Hallam Foe de 2005 e Starred Up de 2013.

Hell or High Water é também o olhar estrangeiro, Mackenzie é escocês, sobre as mazelas da região sul dos Estados Unidos fruto da crise de 2008 e da atual crise do petróleo. As imagens ainda que vista pela janela dos carros dos protagonistas, Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster) enquanto cruzam pequenas cidades sulistas, não deixam de mostrar o poder das corporações, principalmente bancos, e também a insensatez de um modelo econômico que a longo prazo se devora. E dai é fácil, ainda que explique mas não justifique, entender como Donald chegou ao cargo de chefe da nação mais poderosa do planeta.

As historias desenroladas na trama, que se cruzam de forma trágica e definitiva, tem diálogos racistas mesmo que escamoteado numa pretensa simbiose de velhos solitários, caso dos personagens dos texas rangers, Marcus (Jeff Bridges) e Alberto (Gil Birminghan), respetivamente (autênticos) sulista e mestiço.

Mackenzie de forma, as vezes não muito sutil, nos coloca ao lado do oprimido cidadão preocupado em pagar a hipoteca da casa, da propriedade para não perdê-la para o banco. A cena da garçonete encarando o texas ranger dá profundidade dessa necessidade de ser um vencedor, meritocrático da nação das oportunidades, mesmo que isso signifique apenas ter um teto para os filhos.

A trilha sonora é assinada por ninguém menos que Mr Nick Cave que faz um excelente casamento com a fotografia ambientada nas paisagens texanas rodeada de propriedades falidas, desoladas. Dos white trash termo pejorativo cunhado em 1830 para designar os brancos da classe trabalhadora, hoje para depreciar os sem empregos, moradias.

Embora o filme seja de 2016 só agora chega as telas brasileiras, e certamente na minha lista dos melhores filmes vistos em 2017.




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