quarta-feira, 15 de março de 2017

High Rise 2016


Por Pachá
Imaginar sociedades alternativas, mas dentro das convenções sociais, é terreno fértil e familiar para o escritor J.G Ballard (1930 - 2009). Há doses de excentricidades e surrealismo em sua narrativa. A adaptação do romance High-Rise (arranha-céu) de 1975 pelo diretor Wheatley tenta alcançar esse surrealismo, e em certos momentos lembra o Anjo Exterminador de Buñuel.

O médico Laing (Tom Hiddleston) acredita que é hora de frequentar a alta sociedade, e para tal se torna proprietário de imóvel no mais aclamado arranha céu da cidade. O supra sumo de tecnologia e design. Mas  o que parecia um investimento, segundo Laing, se torna em suas palavras uma "inclinação a loucura e narcisismo...

Todo o conjunto que, segundo o arquiteto e proprietário, Royal (Jeremy Irons) foi projetado para ser auto suficiente, com piscina, academia, supermercados etc... nada muito diferente do que conhecemos hoje dos tais smart prédios. Na prática, o arranha céu se torna um micro organismo da sociedade, onde as lutas de classe emerge tão aguda e furiosa como em qualquer sociedade. Os moradores dos andares mais altos, simplesmente cagam sobre os andares mais baixo, uma nítida alusão (as avessa) a pirâmide de hierarquia e necessidades de Maslow. 

Como porta voz dos andares baixos, a classe oprimida, tem o documentarista Wilder (Luke Evans) que é  o primeiro a se dar conta das tensões instaladas entre os andares altos e baixos. A parti de sua revolta, desencadeia a luta efetiva entre a high life e low life . 

A fotografia me pareceu um tanto exagerado, que mais lembra comercial de TV com a tecnologia atual com nuances vintage. 

As atuações sempre no limiar entre a loucura e a sanidade, me fez lembrar da "Piada Mortal", onde o curinga em suas eloquentes reflexões, constata que um dia ruim pode ser o gatilho para um loucura sem freios.


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