terça-feira, 30 de junho de 2020

Maitresse

Por Pachá

A filmografia de Barber Schroeder é bem eclética, transita por blockbusters, como Murder by numbers 2002, estrelado por Sandra Bullock, e seu início mas independente, fase dos anos 70, 80, na qual está, em minha percepção, seus grandes filmes, na maioria escrito por ele. Maitresse é dessa fase, e narra um fato insólito, um bandido por ocasião Olivier (Gerard Depardieu), tenta roubar uma casa, porém é surpreendido por Ariane (Bulle Ogier), que é uma dominatrix, e tem nessa atividade seu luxuoso sustento de vida.

O filme ganha ares românticos, quando o malandro convida Ariane para jantar. A partir dai há um envolvimento entre os dois, Olivier se transforma em amante e assistente de Ariane, mas esse envolvimento emocional acaba por distanciar a dominatrix de seus clientes, no sentido de que ela começa a perder o feeling do que os clientes precisam, e entenda-se fetiche, masoquismo e todo tipo de tara que infesta a mente humana, e como bem diz  Ariane, eu gosto de criar e entrar nas fantasias deles. As cenas de BDSM são muito realísticas, creio ate que envolve praticantes reais, tamanho é o realismo. O filme foi censurado no reino unido, e só foi liberado em 1981, assim mesmo com mais de 4min de cortes.


O enredo é razoável, porém o pano de fundo da relação dos protagonistas e respectivas atuações, criam cativante história de amor sem as pieguices do gênero. Depardieu está muito bem, como um fanfarão meio canalha, porém de grande coração quando o assunto é envolvimento emocional. Ogier convence como dominatrix, com ar blasé, sexy com olhar enigmático nos diálogos, objetiva e a vontade no papel, que coloca em choque a estrutura frágil, ela lembra uma boneca Barbie, e esse era o padrão de beleza dos anos 70, magra porém com muito sexy-appeal  e sua transformação quando encarna a dominatrix. 

A fotografia é assinada por Néstor Almendros (1930-1992), que fotografou para o pessoal do Nouvelle Vague, e um dos grande diretores de fotografia, quando esta estava começando a ganhar relevância enquanto narrativa. Em Maitresse as composições ganham destaque nas cenas de BDSM, ao levar o telespectador para cena de forma muito contundente, um tapa na bunda é de verdade, o vermelho dos vincos do cinto ou chicote são de verdades, e muito bem captados pela câmera de Néstor e aliado ao belo contraste de cores criam um espetáculo.

Schroeder já havia investigado a liberdade sexual e estados elevados da consciência em The Valley de 1972. E fica claro ao navegar pela sua filmografia, que ele tem uma predileção para tramas que transitam pelo underground cultural.



magnetlink - maitresse 1976
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