quinta-feira, 2 de julho de 2020

Compra-me um revólver

Por Pachá

O enredo distópico de compra-me um revólver, talvez não seja tão distante, no qual o país é assolado pelas gangues e milícias do narcotráfico que dominam tudo, porém o que choca no roteiro, ainda que muito pouco mostrado, é que as mulheres são dizimadas e as que sobrevivem são forçadas a prostituição.

Rafa (Rogelio Sosa ) vivem em um motorhome dentro de um estádio de baseball, ao que parece sua paixão, mas também dos traficantes locais, que organizam partidas sempre com jagunços armados, causando uma atmosfera de medo constante, nem o líder está seguro, muito menos aqueles que o servem. Rafa tem uma filha Huck (Matilda Hernandez) que é apresentada como menino para que não seja sequestrada pelas gangues, os verdadeiros homens que odeiam mulheres. O carinho e amor por Huck, coloca Rafa em estado de perigo constante, assim como o fato de estar sendo devastado pelo vício.

O desenvolvimento tem característica de fábula, nas figuras dos angels, um trio de crianças que vivem no deserto, e assim como Huck tiveram suas mães assassinadas, e por essa razão, estão sempre presente, rondando as gangues, procurando uma vingança, mas são apenas crianças com armas de brinquedos contra homens com armas de grosso calibre e sem compaixão alguma.


A fotografia carrega a crueza do clima tropical, amarelo domina quase todas as composições, o que por vezes tira profundidade ao beirar o monocromático, o que em minha percepção prejudica a dramaticidade que a história sugere. Por outro lado o filme carrega o olhar de como é amar e proteger em ambientes no qual isso vale muito pouco ou nada, reduzindo as relações humanas a condições insustentáveis do ponto de vista afetivo, onde a lei do mais forte é o que vale, e o medo a arma mais poderosa.

O roteiro cria uma certa expectativa, de algo drástico ou mesmo de salvação para Rafa e Huck, mas isso não se cumpre, os dois primeiros atos são muito bem conduzidos, mas perde fôlego na parte final, com desfecho xoxo.



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