Por Pachá
Com ritmo lento e uma história que não faz questão de explicar as intenções dos personagens, e com um passeio pelo cotidiano concreto de Seul e os dramas materialistas e abstratos da metrópole, a principio o filme é uma imersão na solidão dos jovens sul coreanos, que sofrem com o desemprego, há até uma fala de um tele jornal explicando o drama dos jovens para conseguir um emprego.
Lee Jong-Su (Ai-in Hoo) é um aspirante a escritor, mas ganha vida como entregador. Em um de seus roteiro de entrega ele esbarra com Shin-hae mi (Jong-seo Jun) e logo sabemos que na verdade eles são amigos de infância, fato que Lee não se recorda, pois Shin-hae fez uma plástica, os jovens recebem esse benefício para ter uma aparência mais ocidental. O romance que desencadeia entre os dois é logo interrompido com a chegada de Ben (Steven Yeun) um ricaço que nutre especial atenção por jovens solitárias e pobres.
O roteiro é baseado em um conto de Haruki Murakami, escritor japonês, e ganha nuances de mistério a medida que Lee começa a disputar Shin-hae com Ben. E nesse ponto a história ganha caminho não tão interessantes, tornando a percepção de arrastamento ainda mais evidente ainda que a interpretação de Ai-in Hoo seja impecável. O jogo que se desenrola entre Lee e Ben é desconexa do resto da história cujo elemento de ligação é Shin-hae mi e quando esta não mais atende aos telefonemas de Lee o roteiro vai dando parcas pistas de que se trata de uma história de serial killer com requinte oriental cujo o cinema sul coreano tem vários expoentes, e também em determinado ponto somos levados a crer que se trata de uma história de vingança, bem ao estilo old boy, o diretor Lee Chang tem muita propriedade em criar essa atmosfera dúbia que dá sustento ao ritmo arrastado da história.
Uma outra coisa que se percebe quando se assiste a filmes sul coreanos é o esmero técnico, principalmente da fotografia e isso tem explicação, há todo um incentivo e fomento da industria cinematográfica do ponto de vista mercadológico, basta saber que por lá as salas são destinadas na relação 80/20, 80% para produção local e 20% para estrangeira. E isso reflete em todas as áreas de produção de um filme que são exploradas para atender a demanda em alto padrão técnico e cênico. No caso de burning a cena da dança ao cair do sol, segundo o IMDB, durou um mês, pois foi filmada exatamente no horário de sol poente e portanto havia poucas horas de filmagem, já que a cena foi toda captada com luz natural.
Embora o filme consiga até prender a atenção do telespectador, a percepção é de que um corte com 30min a menos cairia bem.
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