domingo, 9 de maio de 2021

Stowaway

Por Pachá

Joe Penna é desses caras para se inspirar. Nascido em São Paulo, ganhou projeção com seu canal do youtube, Mystey GuitarMan, no qual chegou a ter 400 milhões de visualizações e mais de 3 milhões de assinantes. Dirigiu comerciais, video clipes , curtas, como turning point até chegar ao seu primeiro longa, Arctic.

Stowaway que numa tradução livre significa clandestino, e creio que já coloca em cheque a trama do longa, e o drama de uma equipe em missão a Marte, que encontra um passageiro que não estava previsto, e isso, significa colocar em risco os três tripulantes, uma vez que os recursos vitais para duração da missão, 2 anos, foram calculados somente para 3 passageiros.

No elenco, o nome potente para dar peso a trama, é Toni Collete como a comandante da Hyperion, em uma atuação, não muito convincente, mas creio que mais pelo roteiro do que pela sua qualidade cênica. Outro nome conhecido é Daniel Dae Kim, como biólogo responsável pela pesquisa que possibilitará cultivar em Marte e seu personagem é responsável pelo evento que desencadeia o conflito, ético, moral e a condição humana. Completando a equipe, a médica é Anna Kendrick, esta como a protagonista, uma espécie de Rppley, me perdoe, mas não há como não fazer comparações quando se trata de mulheres e espaçonaves, porém longe da atuação dessa.

Os personagens são poucos trabalhados, e não sei se foi intencional, o único que provoca empatia, é justamente o passageiro acidental, Michael (Shamier Anderson), em uma atuação muito segura e convincente, ouso a dizer que o cara rouba as cenas. É em seu personagem que há aprofundamento, humanização, criando esse elo com telespectador. 


O primeiro ato, cria uma certa expectativa, prende atenção ainda mais quando o passageiro acidental surge em cena. Porém, a partir dai, o filme de Penna começa a sofrer de um imenso vazio no que tange a veracidade interna, vejamos, o significado clandestino em minha percepção, ou seja, há algum propósito, praticando ou sofrendo a ação de estar ali, e isso a princípio parece ser uma espécie de artificio do roteiro, para cria a dubiedade, nos levando para um caminho, quando na verdade é outro, mas ao final nos damos conta de que não é nem uma coisa nem outra. É difícil crer que uma missão com tal rigor de planejamento, daria margem para que tal "incidente" acidental aconteça. Outro ponto que coloca por terra toda veracidade é quanto a unidade de sobrevivência, quando se sabe que em aeronaves, aviões inclusive, todo sistema tem redundante, com dois ou mais substituto em caso de falha. As cenas externas a nave é a pá de cal, no qual é violada lei básica da física, a lei centrífuga, momento angular, inércia etc.

Tecnicamente, o filme agrada, muito embora fique explicito os poucos recursos. A fotografia ainda que não dialogue com roteiro, é bem atraente em cores e movimentos, mas escorrega em criar veracidade e ampliar conflitos e chega a ser contraditória, quando há todo um dialogo para nos convencer da pouca dimensão da nave, enquanto a fotografia está sempre com planos abertos mostrando exatamente o contrário, que há espaço para mais um ou dois passageiros.

Stowaway não ruim, mas está longe de ser um bom filme de ficção, mas ainda sim vale a pena ser visto, desde que se abdique  dos pontos mostrados acima, e sim focando em questões como humanidade, ética, empatia e isolamento, coisa que o diretor trabalhou formidavelmente em Arctic mas que em Stowaway não se repetiu no mesmo patamar.


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