terça-feira, 19 de abril de 2022

The Batman

 
Por Pachá

O novo filme de Batman tem uma influência muito forte no cinema noir, principalmente no que tange a fotografia de Greig Fraser. Outro é o caráter investigativo na qual a maior inspiração é Zodíaco 2007 de David Fincher, mas vale para qualquer filme em que há toda uma simbologia cercando e guiando crimes em série, e nesse sentido Fincher é um grande representante, Seven e Zodiac estão profundamente imersos nessa narrativa.

O ambiente sombrio de Gotham nunca foi tão bem construído, e isso é fruto do pioneirismo de Greig Fraser no StageCraft que ao invés de usar a tela verde, usa grandes telas de alta definição para inserir cenários em tempo real. Essa Gotham em processo de autofagia como bem saliente Bruce e como ardoroso defensor, lutando contra o crime, carrega em sua alma sombria, o dilema da tênue linha divisória que o separa da escória de Gotham. E nesse sentido temos um Batman barroco, basta ver sua moradia, a batcaverna, o batmóvel etc.


O visual escuro, com personagens quase nas sombras sendo delineados por poucas fontes de luz é o grande diferencial visual desse filme de herói baseado em HQ, quando o que se tem no gênero é muita luz, muito brilho e grandes fontes de luz. Outro ponto a ressaltar é que esse, em minha percepção, é o Batman mais humano, dado que o próprio personagem dos quadrinhos não tem grandes poderes, a não ser um raciocínio rápido e condição física do corpo elevado ao máximo da perfeição em força e velocidade, que é amplificada pelo uniforme, este está bem marcado por várias batalhas, marcas de balas e outras cicatrizes. E por outro lado traz certas contradições, a cena em que Bruce desenha um fluxograma ou mind map dos eventos criminosos com tinta e spray e no chão da mansão, confesso que me pareceu desnecessária e pouco condizente com elevado poder cognitivo do homem morcego.

As atuação são bem acertadas, Pattinson está perfeito, poucas falas, olhar atormentado e com visual que lembra Brandon Lee em The Crow 1996. Zoë Kravitz tem boa presença como mulher gato, mas nada que surpreenda. Paul Dano como Charada está muito bem, mesmo em poucas cenas em que aparece. A cena em que Batman encontra Charada em Arkham dá a dimensão do quão foi acertada essa dupla, e também de como o filme de Fincher inspirou a trama, basta ver o retrato falado do serial em Zodiac e Paul Dano.


As 3 horas de filme, com cenas cheias de detalhes, fica claro que o diretor teve muita liberdade de criação e tomada de decisão quanto a estética do filme, e nada é mais claro que a opção por uma trama com eventos 99% noturnos, como é a dinâmica de um morcego. A cena de luta no corredor na qual o brilho dos disparos de armas é a única luz, é também uma mostra da ousadia da direção, ainda que prejudique em muito as cenas de lutas, que em minha opinião seria o ponto forte de uma filme de super heróis, e mais uma vez não é o que se vê, ao contrário, o que vemos é uma coreografia de simples movimentos mas com muita velocidade em lutas que mais parecem brigas de rua, nada mais crível para um super herói sem poderes, não é mesmo...

Um outro ponto a ressaltar em The Batman é que não se trata de um filme de ação, e sim um filme de investigação, um thriller com uma trama muito bem estruturada e instigante na qual mesmo que não atenda as expectativas dos mais fervorosos fans, agrada e sem dúvida deixa um gostinho de continuação.

Para as franquias centradas em Graphic Novels (HQ) creio que há um certo esgotamento do gênero ou da fórmula, e creio que cada vez mais os filmes de super heróis estão se aproximando das narrativas do cinema dos anos 70 e 80, ainda que se amparem com grandes tecnologias como CGI e StageCraft.


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