Por Pachá
Desde que Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762) cunhou o termo estética como a ciência do sensível, dai foi um pulo (três séculos) para neurofelicidade cunhar a ciência da felicidade, mas tudo que é de interesse dos sapiens o é também do mercado, e este, ao contrário do que prega a neurofelicidade, acredita, ou melhor, vende a idéia de que a felicidade é algo tangível tal qual um produto que pode ser criado e estocado.
Felicidade é um negócio, esse é a line do filme Little Joe, uma flor que ao crescer e se desenvolver exala um perfume que proporciona felicidade, e com isso seus criadores acreditam que possam melhorar o mundo. O roteiro tem como mote o fato dos sapiens "brincar de Deus" e suas consequências, não que o roteiro tenha qualquer apelo ao criacionismo, ao contrário, ele trabalha o método cientifico e a ética da ciência quando em jogo está a maximização de lucros ou mesmo a pura vaidade dos cientistas em estampar seus rostos em renomadas revistas do meio.
Com uma atmosfera de estranhamento, seja pelos diálogos propositalmente, frios e sem emoção, o filme ganha ares de suspense e terror, aliado a uma fotografia, sem sombras e contrastes, cenários em cores neutras e alegres ajuda a aprofundar essa sensação de estranhamento.
As atuações são impecáveis, não há uma só participação que não seja com esmero denotando uma direção de elenco primorosa. Alice (Emily Beechman) faz ótimo par com Chris (Ben Wishaw) o mesmo vale para Kerry Fox.
Little Joe é um filme para refletir sobre os limites da ciência, quando esta escamoteia interesses mercadológicos sobe o manto da melhoria da qualidade de vida.
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