Universo Jodorowsky

Por Pachá

O cinema místico de Jodorowsky é uma busca pela liberdade de fazer o que quiser, sem pedir permissão e sem preocupação de retorno financeiro. O cinema de Jodorowsky assim como o teatro e os quadrinhos, não há felicidade ilusória de brilho falso, e tendo no tarot e a psicologia suas maiores inspirações, há sim um arguto senso de despojamento da realidade onde mitos, ritos e os princípios; feminino e masculino criam muitas vezes cenas grotescas com grande apelo de realismo, principalmente as cenas com animais, se você é amigo dos animais o desconforto é certo. 

Outro elemento estético que permeia sua obra é o surrealismo, Dali, André Breton com contrastes de cores que são sempre muito bem utilizados pela fotografia de suas obras em criar esse místico universo onírico. A obra de Jodorowsky não é de fácil digestão, pois imersa em simbolismos e conceitos metafísico com imagens poderosas ainda que perturbadoras, a todo instante questiona o que é real? O que é fé? O que é natural? Ao mesmo tempo em que tende a transcender o mundo aristotélico da metafísica.

El Topo de 1970 narra a saga de um pistoleiro místico que para se transformar na pistola mais rápida do oeste tem que duelar com figuras igualmente místicas e surreal. 

Esse filme deu notoriedade ao Jodorowsky uma vez que ganhou fans como o beatle Lenon e  sua  namorada Yoko Ono, que financiaram o próximo filme do mago multimídia The Holy Mountain. El Topo chegou aos EUA sem nenhuma expectativa e logo se tornou um mito, ficou dois anos em cartaz e criou a onda dos midnight movies.

A gravata de 1957 foi a primeira experiência com a imagem em movimento. 

A gravata é uma versão mudo de um conto de Thomas Mann sobre uma garota que vende cabeças. Esse curta representa um período de Jodorowky no qual ele foi para França ser assistente e aluno do mímico Marcel Marceau. 

Segundo o próprio, nesse curta já era possível perceber que ele, Jodorowsky, era um diretor. "um artista tem que ser como Jean Cocteau... Esquizofrênico, . Necessita ser muitas pessoas ao mesmo tempo, não apenas uma".

O visual dos filmes de Jodorowsky é sempre uma tentativa de captar o simbolismo de suas vocações, o tarôt, a psicanálise, o teatro tudo dentro da sua dialética mística e surreal. 

A sua técnica de filmar leva sempre em consideração os sentidos; de luz, distância. 

Os atores são sempre levados a experiências para extrair do seu interior a força que move conflitos externo. 

O espetáculo das obras de Jodorowsky tem a necessidade de ser subversivo. Um espetáculo de invenções inesgotável de sincretismo.

Em entrevista Jodorowsky disse ser muito impressionado com o cinema de Glauber Rocha, que para Jodorowsky vê grande liberdade do diretor, principalmente nos filmes "O Dragão da maldade contra o santo guerreiro"e  "Terra em Transe".

Incal é considerado obra prima dos quadrinhos. Nele Jodorowsky e Moebius (quadrinista Francês) misturou Jung, tarot, cabala e o que sobrou do projeto do filme Duna inviabilizado e mais tarde dado a David Lynch que o lançou nos cinemas em 1984. 

Incal de meados da década de 70 é sempre visto para os menos íntimos como a obra de Jodorowsky como algo novo, isso porque esse HQ era muito a frente de sua época quando lançado.