domingo, 16 de dezembro de 2012

As três Balas de Boris Bardin

Por Pachá
O espanhol de nome difícil, Milo J. Krmpotic debuta no gênero policial (ele tem livro publicado no gênero infanto-juvenil) com livro intrigante, do ponto de vista estrutural, utilizando com maestria o dialogo coloquial, elíptico sem criar maiores confusões sinuosas em sua narrativa fragmentada e lacônica. Mas confesso que em certas passagens tive dificuldade em concatenar as ações, o que prefiro apontar como problemas de tradução. A trama de Milo está em torno de uma família argentina de origem russa, cujo os homens são da policia ou ex-policias que se envolve em algumas trapalhadas e para consertar praticam mais cagadas. Mas a coisa ganhar ar de tragédia quando investigador da capital chega para solucionar roubo a carro forte, onde os suspeitos são os Bardins. 

Milo usa dois narradores, um em primeira pessoa na figura do investigador que quer resolver o roubo e um segundo onisciente para acompanhar os Bardins e amigos. No primeiro há estrutura mais linear, pouco fragmentada no qual o personagem discorre sobre a natureza humana e sobretudo dos argentinos. Os Bardins são apenas produto de um mundo onde os ruins batem e apanham dos piores e ninguém é inocente ou possuem boas intenções, nem mesmo as crianças escapam... "... papai você matou alguém, hoje?" pergunta o filho de Aleksandar, irmão caçula de Boris Bardin. "... não mais veremos se tenho sorte amanhã" responde o pai ao colocar filho para dormir. Este sentimento de perda de esperança na raça humana (materializado no argentino) é explicitamente trabalhado no personagem do investigador, quando diz "... o argentino é um lobo para o homem, todo homem, sem importar sua nação ou circunstancias... a pratica diária de foder o próximo é nosso esporte favorito depois de dar chutinhos na bola".

O livro é curto, 124 páginas mas com estilo que o coloca acima da média dos livros do gênero, ao mesclar várias referencias cinematográfica com narrativa que cobra atenção do leitor, que não pode estar no modo automático de leitura. Embora alguns tenham no seu estilo "mommy porn" olhares para os filmes de Tarantino, este não é mencionado em todo o livro, confesso que também não entendi essa comparação com cinema de Tarantino, dado que há apenas três mortes no filme pouco gore por sinal. E como disse certo critico, não me recordo onde, estes rótulos servem apenas para ajudar os livreiros a colocar os livros na estantes de venda e nada dizem da qualidade das obras. E o livro de Milo além de bom é uma aula de como escrever um gênero estagnado de forma intensa e cativante.

As três balas de Boris abocanhou prêmios da mídia ibérica como melhor romance de 2010. No brasil foi lançado pela editora Tordesilhas ao custo de 33 dinheiro e vale a pena para quem curte o gênero.


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