sábado, 9 de fevereiro de 2013

As veias abertas da America Latina

Por Pachá

Cinco séculos após chegada do europeu as Américas o significado de ser latino americano ainda permeia os diversos debates sobre os rumos dos países sul-americanos, dado que nos foi negado a denominação de americanos, uma vez que nosso “ primo” rico cunhou esse termo para si, não sem antes explorar, massacrar e larapiar em beneficio de poucos os territórios abaixo do rio bravo. Mas tio sam não foi o único, ele apenas seguiu exemplo do eurocentrismo reinante, onde a lei do mais forte significava ganhar com a perda alheia. É uma verdade irrefutável que a historia da América Latina esteja escrita com sangue dos gentios, africanos, e das extintas civilizações Astecas, Maias, Incas. Mas em pleno séc. XXI o que significa ser latino americano? Quem que ser latino americano? Questões cruciais quando se coloca em jogo a postura dos países sul-americanos diante da globalização. García Canclini (2002, p.18) em Latinoamericanos buscando lugar en este siglo parece estar atento a tais questionamentos. Canclini estabelece que se por um lado a globalização aumentou as vozes no debate, por outros arruinou os Estados nacionais capaz de frear a fome das corporações de bandeiras diversas. E as apostas em mercados massivos de consumo das grandes populações sul-americanas também não promoveu desenvolvimento muito menos a tão buscada integração da América Latina.

Mas para entendermos o presente e os possíveis rumos do futuro é prudente, imperativo quase, olharmos o passado. As veias abertas da América Latina é interessante, conquanto triste, retrato desse passado. Em sua pesquisa jornalística nada ortodoxa onde ficção, historia e jornalismo flertam a cada parágrafo Galeano remonta as riquezas de centros como; Potosí, Zacatecas e Ouro Preto (e dezenas de outras) e de como suas riquezas de uma forma ou outra foram parar nos bancos norte-americanos e ingleses, dado entre outros fatos a inépcia de nossos colonizadores, pois a divisão internacional do trabalho encerra dois lados de uma mesma moeda, um que se especializa em ganhar e outro em perder. América Latina desde contato com europeu foi especializada no segundo, onde sua miséria e pobreza é diretamente proporcional a riqueza e desenvolvimento daqueles que cedo constataram que crescimento se dá pela capacidade de investimentos fora de suas divisas e com protecionismo feroz de seu mercado interno, "Um país – dizia Woodrow Wilson nos idos de 1913 - é possuído e dominado pelo capital que nele se tenha investido." Wilson não foi visionário, muito menos o primeiro a perceber tal proeza do capital. Mentes brilhantes como Adam Smith já havia preconizado que o mercado é quem dá as cartas. E ele como maioria dos europeus, economicamente informado, no idos do séc. XVIII era convicto da exploração das América para garantir conforto e mimos; doce chá, chocolate, jóias e impulsionar os teares ingleses que vestiam até o que os escravos usavam na labuta diária pra comer se muito um pedaço de pão todo fudido...E todos aqueles que lutaram pelo direito de comer, morar e viver de terras dos seus antepassados foram enterrados na historia como vilões. E nesse ponto a obra de Galeano é importante para revermos a historia e fomentar nova visão da América Latina e do latino americano.

"Viva Zapata, Viva Sandino, Antonio Conselheiro, Lampião, Zumbi sua imagem e semelhança..."

O livro em minhas mãos, que leio pela segunda vez é da 22º edição de 1986 da editora Paz e terra, o primeiro contato com essa obra foi em versão pocket, dessas compradas em bancas de jornal. Mas seja em qual versão ou formato, uma obra fundamental para todo latino americano.


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