sábado, 16 de fevereiro de 2013

Matadouro nº 5

Por Pachá
O bombardeio da cidade alemã de Dresden é certamente um dos mais controversos casos da II GM. A cidade era esplendorosa, berço de cultura, arte. Considerada uma das mais belas cidades da Europa e assim como Roma era uma cidade aberta, no entanto foi impiedosamente bombardeada pelos aliados com pretexto de possuir industrias químicas pesada, armas antiaéreas, centro de comunicações entre outras explicações que quando vieram a tona só reforçou a tese de que os motivos era extremamente duvidosos. 

Outros acreditam que o bombardeio foi preciso para evitar o rápido avanço das tropas russas rumo ao ocidente e uma perola de arquitetura como era Dresden não poderia cair nas mãos dos soviéticos. Os números apontam 135 mil mortos, na sua grande maioria torrados por chamas a 500°, mais que Hiroshima e Nagasaki juntas, mas os vencedores se encarregaram de empurrar esse episodio para baixo do tapete da vergonha humana (inglesa já que a matança foi arquitetado por Churchill e levada a cabo pelos aliados). 

O livro de Kurt Vonnegut resgata de forma irreverente, cômica até, esse episódio. Vonnegut que participou da II GM e foi prisioneiro em Dresden e portanto testemunha ocular do bombardeio, faz relato nada convencional, ficção e fantasia em doses bem equilibradas do trágico e cômico se misturam na sua estrutura narrativa fragmentada nas indas e vindas no tempo, sim viagens no tempo, de seu personagem Billy Pilgrim, tendo como pano de fundo a destruição de Dresden.

O presente, futuro e passado se fundem no relato de Billy que após trágico acidente de avião, no qual comunidade optometrista da pacata cidade de Ilium morre, com exceção de nosso herói que milagrosamente escapa, e daí decide relatar suas experiências interplanetárias e contato com extraterrestres ao ser abduzido pelos tralfamadorianos, seres verdes que em lugar de cabeça tem órgão semelhante a nossa mão e nessas seus olhos. Em suas viagens no tempo, onde ora é um espécie em zoológico para deleite da população tralfamadoriana, ora um pacato e bem sucedido optometrista, embora considerado lunático por sua filha, ora um soldado que é uma vergonha pro exercito americano. As três historias de nosso viajante do tempo se intercalam para contar, ou mesmo questionar, explicações para o fatídico dia de 15 de fevereiro de 1945 para população civil de Dresden. Em seus ataques de narcolepsia, nada mais são do que suas viagens no espaço/tempo à ala de doentes mentais do hospital onde foi tratado depois da guerra. Para o zoológico de Tralfamadore. Para a própria morte. Para a noite de núpcias com Valencia sua esposa. Para o campo de prisioneiros de guerra. Para os braços de Montana sua companheira no Zoológico em Tralfamadore. Para o matadouro nº 5 onde é hospedado em Dresden.

O livro foi escrito no final da década de 60 quando a guerra do Vietnã ainda sangrava e dividia opinião publica americana quanto aos custos matérias, principalmente humano, de guerras para garantir a liberdade (o consumo, a única que até hoje funcionou) do mundo livre, ou seja, afastar a ameaça do comunismo. Embora classificada como obra de ficção (sci-fi) matadouro 5 é um livro pacifista que mostra a imensa insensatez que é uma guerra.

Em 1972 o livro foi levado as telas por George Hill. Que esta na fila do DVD player.

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