quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Body Heat (Corpos Ardentes)1981

Por Pachá
Roteiros com tramas que rodam assassinatos para se apoderar de fortunas, certamente é um dos temas mais abordados no cinema. O mais famoso é sem duvida o noir duble indemnity de 1944 sob a batuta de Billy Wilder, no qual Body Heat se inspira, na verdade um  remake. O título brasileiro de corpos ardentes é no mínimo dúbio, pode tanto se referir as cenas picantes de Racine (William Hurt) e Matty (kathleen Turner), quanto ao calor da Florida ou mesmo a forma com que Racine se livra do corpo de sua vitima.

O plano sempre é simples e a primeira vista infalível. Matar o marido e herdar herança do testamento. Mas como é de se esperar imprevistos aparecem. Riscos que não foram contemplados surgem como provas a serem apagadas, numa sucessão de erros para esconder ou mesmo justificar o crime. As promessas de Matty toma sabor de engodo, quando Racine se vê vitima de uma engenhosa arapuca. E de forma convincente, para Racine, Matty o faz acreditar que ela o ama. E que com marido fora da jogada e de posse da fortuna deste, eles poderão viver sem impedimento seu tórrido amor da melhor forma que o dinheiro possa proporcionar.

Divagações a parte, o fato é que a estreia de Lawrence Kasdan na direção é uma verdadeira obra prima do genro policial, ou neo-noir. O fato de se amparar numa historia já conhecida, não diminui em nada o mérito de Kasdan que trazia no currículo roteiros de Caçadores da Arca perdida e Império-Contra Ataca. A narrativa empregada por Kasdan é fluida e repleta de detalhes nos diálogos, principalmente dos três atores, Hurt, Ted Danson e J.A Preston este ultimo como incansável homem da lei. E mesmo se tratado de um enredo parcialmente conhecido, Kasdan soube arrancar suspense na trajetória de Rancine.
As cenas picantes de amor entre Racine e Matty são algo a parte dentro do roteiro. O papel rendeu a Kathleen Turner o posto de uma das mulheres mais sexy da época. Não pra menos, as cenas de nudez além de bem captadas em fotografia impecável tem nas curvas de Turner grande atrativo cênico. As atuações em conjunto, Turner e Hurt são memoráveis com diálogos enxutos e carregado de naturalidade. A cena do bar onde eles se encontram pela segunda vez é de uma eficiência espantosa diante da simplicidade da mesma. Mickey Rourke como delinquente e ex-presidiário, embora tenha poucas falas, mostra grande presença de cena.

O diretor de fotografia Richard H. Kline conseguiu empregar com maestria os legados dos filmes noir. O desenrolar da trama ocorre quase que totalmente em tomadas noturnas, com fotografia lowkey carregas de mistério e suspense. Mas as referencias noir não reside apenas na fotografia, os personagens trazem muito desse estilo que saiu das páginas de livros policias das décadas de 40 e 30 para ganhar as telas onde ficou mundialmente conhecido  O personagem de Racine carrega os traços do estilo, perdido, corrupto onde a sobrevivência é desculpa para atos de vilania. Body Heat é um filme que merece todo e qualquer esforço para ve-lo.


William Hurt .... Ned Racine
Kathleen Turner .... Matty Walker
Richard Crenna .... Edmund Walker
Ted Danson .... Peter Lowenstein
J.A. Preston .... Oscar Grace
Mickey Rourke .... Teddy Lewis

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