terça-feira, 20 de setembro de 2016

O último poema do Rinoceronte


Por Pachá
Com produção de Martin Scorsese O último Poema do Rinoceronte agrada pelo arco poético e belíssima fotografia. 

O peta iraniano Sahel (Behroiuz Vassoughi) e sua esposa Mina (Mônica Bellucci) são presos durante a revolução islâmica. Ele é condenado a 30 anos de prisão e sua esposa a 10 anos. Mina sai da prisão acreditando que seu marido esta morto, pois assim lhe fizeram crer. Sahel sai da prisão após os 30 anos e vai atrás de seu amor que a essa altura mora na Turquia com dois filhos.

Bahman Ghobaldi conta uma historia de amor sem final feliz quando uma mulher é amada por dois homens e um deles é rejeitado. Akbar Rezai (Yilmaz Erdogan) é um vilão dos mais mesquinhos, covardes e inescrupuloso que o cinema pode produzir. Ao alimentar paixão secreta pela filha de seu patrão, ele tem na revolução oportunidade de possuir Mina mesmo sendo rejeitada por esta. E ai entra toda uma cultura oriental da condição da mulher e do casamento. Há buraco no roteiro quando sem mais nem porque Akbar de simples motorista de milico se torna importante figura da revolução a ponto de orquestrar todo tipo de humilhação para o casal encarcerados. E mesmo após os 30 anos ele continua a espreitar MIna, só que agora ele tem companhia.

A fotografia de Turaj Asiani encanta seja pelos ângulos de câmera seja pelos tons que marcam cada época da narrativa, sempre conferido atmosfera de solidão e resignação dos protagonistas.

Nas atuações, vale ressaltar o papel de Yilmaz Erdogan que carrega um amor inalcançável, senão impossível e ainda assim não desisti o que confere uma prisão da alma. Behroiuz Vassoughi tem a prisão apenas física dado que alma pertence a Mina e a dela a ele, quando descobre que Mina anda por ai tatuando seus poemas nos corpos. Mônica Bellucci tem atuação apática, mas ainda sim encanta com beleza exótica, sofrida, cândida.

A trama ganha ar de tragédia grega quando Sahel sem saber transa com a filha de Mina, e como já disse J.P. Cuenca o único final feliz para uma história de amor, é um acidente.


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