Um dos mais importante documentário brasileiro. Dirigido por Vladimir Carvalho este doc possui sina igual ao do Cabra marcado para Morrer, pois foi proibido pela censura em 1970 só entrando em exibição em 1979 no Festival de Brasilia.
São Saruê é uma lenda nordestina para uma terra prometida, onde as pessoas vivem felizes e em harmonia, algo próximo ao Shangri-la. Esta lenda tem origem europeia e foi incorporada pelos indígenas e africanos da região norte e nordeste do Brasil com a chegada dos europeus.
Na visão de Vladimir Carvalho o nordeste pobre e miserável é uma construção social e Histórica dado que o solo nordestino é fértil não só para cultura, mas também em minérios preciosos. O solo paraibano possui grandes reservas de columbita, bauxita, perita, scheelita... abaixo uma matéria de 2010 do Jornal Tribuna do Norte sobre descoberta da maior reserva de Scheelita da América do Sul em Seridó.
Não sei se era intenção do realizador, mas há cena em que americanos, voluntários da paz instalados na Paraíba, configura intenções dos americanos na região, já que suas reservas de tungstênio havia se esgotado com a guerra.
O filme de Vladimir é um retrato de um Brasil gigante mas nanico no trato de suas riquezas e principalmente no desenvolvimento de seu povo, relegado a todo tipo de infortuno e sorte diante da natureza. Não a toa, Euclides da cunha abre seu livro, Os Sertões, com a frase "O sertanejo antes de tudo é um forte"...
A reflexão principal na narrativa do filme, ancorada na poesia de Jomar Moraes Souto, é de que a seca, a miséria é uma cruel, mas rentável industria de coronéis e saruês que forja fortuna e respeito, na bala e humilhação daqueles que pouco tem, e se sujeitam aos mandos e desmandos dessa minoria.
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