terça-feira, 30 de março de 2010

Nelson Rodrigues x Bukowski

Por Pachá
Não sei se é sensato fazer um comparação ou um paralelo entre esses dois autores, que devo adiantar constam da minha lista de melhores autores, daqueles que podem mudar uma vida. Nelson 1912 a 1980 e Bukowski 1920 a 1994, contemporâneos eles eram, vivenciaram, cada qual em seu pais, transformações que forjaram suas vidas e que de alguma forma estão impregnadas nas páginas de suas obras, Bukowski com sua escrita sempre autobiográfica de linguagem furiosa que acalenta perdedores e excluidos retratou uma América, mais precisamente Los Angeles, underground, sem glamour, das sarjetas, das corridas de cavalo, dos bares, das lutas em becos escuros, e sem pudor nenhum fez disso sua inspiração, sua verdadeira e única inspiração. 


Nelson passou por dificuldades, igualmente, passou fome, e segundo ele, "quando se tem fome, você não consegue nem amar, nem odiar nada ou ninguém". Sua entrada para o teatro com "A mulher sem pecado" seguiu suas influências de romance, seu genêro preferido, logo suas peças de teatro terão sempre a dinâmica de texto teatral, com prosa direta e realista. Nelson trouxe para sua literatura teatral a tragédia grega, Bukowski viveu a tragédia, Nelson foi realista quando expos a sordidez da sociedade, Bukowski era a própria sordidez quando o assunto era sexo, bebedeira e poemas, Nelson era realista no erotismo, Bukowski era sacana e vivia a putaria. 

Mas o que ambos tinha em comum, você deve estar se perguntando, bem, quase nada e tudo, as semelhanças ficam por conta de que ambos tinham uma linguagem realista para expor as suas percepções dos meios em que estavam inseridos, e falavam de temas universais, sobrevivência, existencialismo de forma crua e dolorosamente verdadeira, não quero aqui achar que ambos escreviam sacanagem, e sacanagem é universal, não, isso é deselegante e pueril, por um simples motivo, é melhor escrever algo banal, idiota até, mas com estilo do que algo formidável sem estilo, essa frase é do próprio Bukowski, proferida por seu alter ego, Hanky Chinaski, pois quando se faz algo formidável e com estilo, ai sim se alcança o status de arte e se as obras de Nelson e Bukowski não alcançaram o status de arte, jamais poderemos acusá-los de não possuir estilo, pois isso eles não só tiveram como criaram, e é por isso que os dois estão na minha lista de autores que podem mudar uma vida, autores que nos fazem deixar os ferrolhos da percepção sempre destrancados para todas as possibilidades, por mais absurdas que possam parecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário