domingo, 15 de julho de 2012

On the Road


Por Pachá
O novo filme de Walter Salles on the road, baseado no livro de Jack Kerouac escrito nos anos 50 do sec. XX. É um road movie ao estilo de Salles, já que ele parece ter grande interessa no gênero, o diário da motocicleta deixou claro sua habilidade em lidar com o tema. É curioso saber que os direitos do livro foi adquirido por  Francis Ford Coppola ainda no final dos anos 70, e só agora ganhou as telas. Em entrevista Salles disse que quinze roteiros foram escritos antes da versão usada no filme. Quem leu o livro vai perceber que o roteiro consegue extrair exatamente a atmosfera que Kerouac imprimiu nas mais de 300 páginas, versão de bolso L&PM com tradução de Eduardo Bueno. 

Tal qual no livro Sal Paradise (Sam Riley) alter ego de Kerouac vê em Dean Moriaty (Garret Hedlund) ego de Neil Cassidy o muso inspirador de Kerouac, esse fato um tanto obvio, foi muito bem explorado pelo roteiro, e Salles não poupa detalhe para deixa claro que esse é o fio condutor do narrador, Sal.

Embora o livro tenha uma atmosfera mais sombria, dada a condição do mundo pós segunda Guerra Mundial onde uma geração inteira viveu sob o vazio existencial, perdido no pessimismo diante da cultura ocidental sem futuro, diante do cenário que se formava com a descoberta e uso de armas nucleares.

Salles faz um recorte bem literal do livro, que são os hipseters norte americanos, mais tarde ganham a denominação de beatinik do jornalista Herb Caen, para descrever esse novo grupo social que vai buscar no existencialismo e niilismo respostas para aplacar o pessimismo e falta de futuro. No filme vemos em pelo menos três cenas Dean Moriaty lendo os caminhos de Swan de Proust. Os beatniks abusam do álcool, drogas embalados pelo bee bop, o filme capta essa atmosfera de forma grandiosa, embora sejam poucas as cenas, mas contundentes. Essa nova geração tinha uma insaciável fome de vida, de experiência o que leva a cruzarem o imenso pais americano de lesta a oeste, de costa a costa  onde o México é parada exótica da experiência mais elevada, a Europa estava longe e destruída. 


É visivel a grande preocupação com a formação de personagem, os protagonistas estão convincentes, mesmo com algumas falhas, no caso de Dean Moriaty que é retratado apenas como um "porra louca", com algumas frases de efeito. No livro o personagem tem  personalidade mais marcante intercalada por acessos de melancolia passageiras, em minha percepção pouco trabalhada no filme, o mesmo pode ser dizer de Sal. Quem assistiu ao documentário Camile com Amor onde é mostrado facetas de Neil e Kerouac, perceberá a falta de algo nos personagens. Mas ainda sim a força motriz dos personagens estão bem definidas, e o elenco em perfeita sincronia. A parada dos beatniks na casa de Old bull Lee (Vigo Mortensen) como William S Burroughs é perfeita e da dimensão dessa sincronia dos atores e roteiro. Kristen Stewart como Marylou também não decepciona, correta dentro da demanda dramática do personagem, embora uma atriz limitada. O elenco também conta com Kirsten Dunst no papel de Camille, Alice Braga como Terry. Tecnicamente o filme retrata de foma convincente o cenário apresentado no livro de Kerouac, fotografia no estilo roadmovie, granulada, com luz amarelada dust em grandes planos, paisagens montanhosas...

...Está na lista dos melhores do ano...




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