sábado, 7 de maio de 2022

Throne of Blood

Por Pachá

A visão de Macbeth de Kurosawa é igualmente trágica. O diretor nunca escondeu sua admiração pelas obras de Shakespeare, vide "Ran" 1985 inspirada em Rei Lear. "O Homem mau dorme bem" 1960. Obras que mostram a intimidade que o diretor japonês cultivou ao longo de sua filmografia, cujas obras ajudou a definir sua linguagem cinematográfica.

Kurosawa também nunca escondeu que Macbeth é a tragédia que ele mais gostava, e dai explica o longo tempo em produzir esta obra, mais do que o habitualmente levou em outras adaptações. Logo após finalizar Rashomon 1950, ele queira fazer Macbeth mas soube que Orson Wells estava realizando essa adaptação, então Kurosawa adiou sua versão.

Em japonês a obra saiu com o título "O castelo da Teia de Aranha" que também é o feudo onde a trama se desenrola. Dois samurais, Washizu (Toshiro Mifune) e Miki (Minoru Chiaki) ao retornar da batalha contra o traidor Fujimaki que tentou usurpar o trono do imperador, se dirigem para o Castelo da Teia de Aranha e ao passar pela floresta da teia de aranha, os dois samurais se deparam com um espirito maligno, que profetiza que eles estão predestinados a grandezas, e que naquela mesma noite essa profecia se iniciará.


A destreza com que Kurosawa realiza os planos e eventos, aliados a uma fotografia que lembra traços de nanquim, confere a saga de Washizu uma dramaticidade sombria. As atuações são marcadas pelas expressões faciais característica do teatro Kabuki, presente nas obras do diretor.

Trono Manchado de Sangue assim como a obra de Shakespeare carrega a máxima freudiana dos "arruinados pelo êxito" pois a realização de um grande desejo inevitavelmente e inexoravelmente traz angustias, ansiedade suspeitas de perseguição, uma vez que manter os louros dessa grande realização requer viver entre a falta e o desejo e essa é nossa constituição predominante na busca por grandes vitórias.

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