This
must be the place é uma canção dos Talking Heads que fala sobre a felicidade de
sentir-se em casa. E já no título temos o primeiro de muitos antagonismos ou
antíteses na proposta estética de Paolo Sorrentino. O protagonista Cheyenne
(Sean Penn) vive um astro de rock cinquentão americano que vive em Dublin, que
a primeira vista, parece decadente, mas sem pressa Sorrentino desconstrói essa
imagem de maneira que não é difícil criar afinidade com personagem.
Cheyenne
é um lenda do rock gótico que poderia estar imerso em universo nostálgico, mas
Sorrentino foge dessa armadilha ao dotar personagem de imensa contemporaneidade
e perfeitamente adaptado a modernidade sem ser consumido por esta. E se ele,
Cheyenne, se mantém preso ao passado com seu cabelo à Robert Smith do Cure,
visual Glam, glitter é outro ponto muito bem trabalhado pelo roteiro, moderno x
antigo. Esse jogo de temporalidade permeia todos os diálogos, seja nas questões
emocionais, materiais e principalmente de relacionamentos. No desenrolar lento,
na voz cansada e rotina de Cheyenne arrastando carrinho de compras pelas ruas de
Dublin, sua relação com dinheiro, seu bem sucedido casamento com Jane
(France McDormand) cria interessante contraste de imagem de um ser, que a
principio julgamos frágil e descolado da realidade, mas é justamente nesse
contraste que reside força motriz do filme.
Há
tempos, 30 anos, sem falar com pai, Cheyenne vê na morte deste o motivo para
voltar a América. De família judia ele descobre que seu pai dedicou grande
parte da vida em encontrar carrasco nazista que o torturou em campo de
concentração. E com ajuda de famoso caçador de nazis parte para concretizar o póstumo desejo
do pai. A partir deste ponto a historia de Cheyenne se transforma em road
movie permeado de fatos inusitados, tais como o jantar em restaurante
japonês onde conhece sujeito que lhe empresta imponente caminhonete na qual
Cheyenne vai cruzar os Estados Unidos a procura do algoz de seu pai. Ou mesmo a
parada em lanchonete onde conhece garçonete que o leva para casa no meio do
deserto onde vive com filho que tem medo de mergulhar. Este desenrolar me
pareceu algum desencontro do roteiro, mas que não chega a comprometer trama.
Sorrentino
que é italiano cria filme de belas nuances onde o que se mostra entra em choque
com as intenções, com explicita mensagem de que as imagens carecem de lastros para
dizer o que pretendem.
Certamente é desses filmes que nos leva a reflexões sobre rumo de nossas vidas, amigos, família, profissão e todos esses lastros necessários para se manter "são" em um mundo cada vez mais insano.
Certamente é desses filmes que nos leva a reflexões sobre rumo de nossas vidas, amigos, família, profissão e todos esses lastros necessários para se manter "são" em um mundo cada vez mais insano.
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