sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

The Woman in the Fifth 2011 (Estranha Obsessão)

Por Pachá
Estranha obsessão (The woman in the fifth) passou batido pelo cinemas, saiu direto em vídeo, o que é uma pena pois o diretor polonês Pawel Pawilkowski já havia caído em minha graça com ótimo My summer of Love 2004 estrelado pela gatinha Emily Blunt em papel de lolita lésbica. Em estranha obsessão ele cria bem equilibrada teia de suspense ao liberar pouca informação dos personagens, deixando espaço para muitas especulações do espectador. Tom Ricks (Ethan Hawke) é um sujeito desesperado que chega a Paris para ver sua filha, não nos é dado qualquer informação de seu passado, apenas que um escândalo, também não especificado, causou não só a separação de sua mulher como uma repulsa desta por ele a ponto de uma ordem judicial impedir qualquer aproximação dela e da filha. Após ser expulso do apartamento da ex-esposa sob ameaça policial, Tom sai a esmo por Paris. Em coletivo tem sua bagagem roubada juntamente com todo dinheiro que possuía. Ele então consegue estadia em pensão pra lá de suspeita, sob a promessa de que pagará tão logo consiga emprego. Na entrevista para alugar quarto é que sabemos um pouco sobre nosso herói, um escritor de único livro que nutre certa obsessão pela filha que está sob guarda da mãe. Como forma de garantir retorno do aluguel, dono de hotel oferece misterioso emprego para Tom como porteiro de estranho subsolo onde misteriosas transações são realizadas.


O filme adquire ares de fantástico quando Tom conhece a misteriosa Margit (Kristin Scott Thomas) em sarau literário. Magit se diz musa inspiradora de seus amantes escritores, seu ex-marido foi escritor talentoso, mas que nunca obteve sucesso de publico. Em Margit Tom encontra auto estima perdida para voltar a escrever, e passa a rabiscar o seu próximo livro inspirado em  lembranças com sua filha de 8 anos. Na pensão Tom cai nas graças da jovem esposa do dono da pocilga, Ania, papel de Joanna Kulig atriz polonesa que arrebatou suspiros em “Elles”, filme também estrelado por Juliette Binoche. Ao contrário de sua relação com Magit, onde Tom tem reconhecimento de seu talento, adotando esta como mentora. Em Ana ele tem a pureza de relação segura e previsível, o que pode estagnar seu talento como escritor.

O diretor Pawilkowski certamente tem entre suas influencias os filmes de suspenses psicológico de Polanski em sua melhor forma, mais especificamente o Inquilino. Mesmo sendo uma adaptação do livro de Douglas Kennedy, o roteiro do próprio Pawilkowski é  seguro no clima criado, quando se tem em mente que a falta de informação e excesso de perguntas, é proposital para criar a atmosfera de mistério.

Se em before sunriser Ethan Hawke não conseguia nem comprar um bilhete de metro (une billet s`il vous plait) aqui ele arrasta um convincente francês, ainda que em frases curtas, isto mostra entrega ao personagem, bem como seriedade desse ator que muito admiro.

Para os que acreditam que filmes são narrativas que precisam ter inicio, meio e fim e fazer sentido do primeiro a ultimo minuto, certamente vão estranhar e até odiar este filme.

4 comentários:

  1. Eu gostei desse filme, ao longo do filme, as cenas não me causam repulsa, na verdade como espectadores, somos levados por uma certa identificação com o seu personagem, Tom Ricks (Ethan Hawke) está procurando acertar sua vida, ter contato sua pequena filha, se acertar como escritor. Na jornada do personagens, nos trechos de seus pensamentos descritos no novo livro, há uma metáfora recorrente nesta narrativa: "a floresta", a qual ele comenta com a namorada mais jovem e que é um ponto de reconhecimento para sua filhinha Cloe. Isso fica como que um paraíso perdido, um refúgio da mente de Tom, de seus escritos, ou local real onde encontrou inspiração para sua nova obra. O filme termina, mas não fica o vazio como alguns dizem, é uma poesia, com seus versos sobre uma alma em conflito procurando a saída. Procurando uma estrada melhor.

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    1. Olá...Sim, a trajetória do herói é bem marcada. O grande trunfo do roteiro é criar de forma atrativa escape da realidade quando essa já não mais proporciona o devido equilíbrio entre os nosso e os desejos alheios, ou seja, quando há um desbalanceamento no oficio de viver. Obrigado pelo comentário muito bem tecido e perdoe-me pela demora na resposta.

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  2. Alguém sabe o nome da música que toca quando ele chega no apartamento e ela tira o óculos dele?

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  3. Pode parecer óbvio, mas já pesquisou na trilha sonora?

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