quinta-feira, 10 de julho de 2014

L'amour Est un Crime Parfait

Por Pachá
A maneira como cinema francês encara a morte é no mínimo curiosa, quase poética ou pelo menos há grande intuito em nos passar tal visão ainda que amparada em sutil carga surrealista. O filme de Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu é um delicioso flerte entre sexo e morte, na cômica porem, trágica condição do protagonista Marc vivido por Mathieu Amalric que parece não se convencer de que na tragédia humana, o único ato irremediável é a morte.

A trama entrelaçada pelos irmãos Larrieu bem poderia ser descrita como policial, mas este é apenas pano de fundo quando investigador de policia inicia buscas pela estudante universitária Barbara, desaparecida, para o qual roteiro não se esforça (explicitamente) em nos apontar Marc como suspeito. Marc é um professor universitário onde leciona escrita e goza de fama de Don Juan por se envolver com alunas que parecem cair sobre ele como moscas na sopa. Em noite comum para Marc nos o vemos dirigir por serpenteada estrada nos alpes entre Suíça e França, ao seu lado uma jovem. E nesta cena notamos que há esforço de Marc para se apegar a realidade, como se esta precisasse de provas a todo instante. Após noite tórrida de sexo, Marc se depara com inusitado, a jovem não responde aos seus chamados matinais para despertar. Suas tentativas de acertar o nome da menina dá o tom comédia mórbida da trama.

A partir dai o filme ganha atmosfera misteriosa, com nítida intenção de conferir a trama dúbia interpretação da realidade. O quanto do que Marc absorve é verdade ou apenas devaneio? E nesse sentido o roteiro tem seus méritos, ainda que seja uma adaptação do livro de Philippe Dijan, ao criar narrativa tensa e encharcada de mistério. Os personagens que cercam o professor, não parecem real. Sua irmã, Marianne, na qual há relação de possessão, como se esta o estivesse protegendo de algo ou dele mesmo, mas que na verdade não passa de ciúmes de uma relação incestuoso. A misteriosa mãe, na verdade madrasta de Barbara, que aparece para Marc procurando saber sobre a filha. E ai creio haver pequeno, irrisório até, deslize do roteiro, ao nos levar entender que tanto investigador quanto a madrasta sabem que Barbara esta morta, a despeito de todo discurso de que Barbara pode ter fugido devido a falta de valores e afeto familiar, dado que seu pai biológico é um militar ausente na vida da filha, cuja mãe faleceu e pelo fato, já mencionado, de que Marc não é apontado como suspeito e se sim, ele ignora sumariamente.

O filme tem na convincente atuação de Mathieu Amalric (Marc) a grande carga dramática, o que vale também para os coadjuvantes, Karin Viard (Marianne) como irmã solteirona que espera atenção e muito mais que carinho do irmão. Maïwenn (Anna) como misteriosa madrasta e Sara Forestier (Annie) vivendo uma teenager ninfomania e o mala Denis Podalydès (Richard) que espera muito mais do que amizade de Marianne.

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