sábado, 2 de agosto de 2014

O Teorema Zero

Por Pachá
A maneira cômica de retratar angustias da sociedade contemporânea tem sido a tônica do cinema de Terry Gilliam. Em seus mais despretensiosos trabalhos há sempre preocupação em mostrar as vaidades humanas cujas as tragédias certamente reside em muitas delas. O novo filme de Gilliam é de fácil associação com Brazil, embora O teorema Zero não tenha narrativa tão coesa.

Se em Brazil Gilliam satiriza os Estados totalitários em Teorema há sátira a futilidade amparada em crenças para manter espirito de comunidade, como a igreja do batman nos alertando que em tempos de esvaziamento dos sentidos da vida, qualquer coisa que possa evocar a fé é bem vinda. E assim nos é apesentado o tema principal do longa, busca pelo sentido da vida nas esperanças do hacker Qohen (Christoph Waltz) que aguarda em misterioso telefonema explicação sobre existência humana. O mundo extravagante em que a narrativa apoiá essa visão é a grande sacada do filme que consegue criar o mundo de Gilliam bem distante da realidade, como é características de seus filmes. O roteiro de Pat Rushin não é muito coeso quando analisando com objetividade de tornar os personagens mais humanos e não caricaturas como mostrado na festa em que Qohen conhece o mega empresário “manager” interpretado por Matt Damon. E mesmo as tentativas de conferir mais humanidade a trama, como a psiquiatra virtual (Tilda Swinton) ou mesmo o filho de “manager” Bob (Lucas Hedger) conseguem criar vínculos mais emocionas com espectador e creio residir nesses, a falha do roteiro, ficando a trama apoiada nas interpretações de Waltz que esbanja versatilidade e de Mélanie Thierry cuja participação confere dinamismo e humanidade ao inquieto Qohen e nessa interação temos o que mais próximo chega o filme de uma abordagem humana da busca pelo sentido da vida.

Outro ponto explicito na visão de Gilliam é a descrença nas instituições seculares, a igreja é notadamente seu objeto de ataque, em quase todos seus filmes há uma alfinetada. Em teorema zero ele não se incomoda em colocar uma GoPro no lugar da cabeça de Jesus crucificado muito menos de utilizar uma igreja infestada de ratos como moradia do protagonista. Essa visão cômica niilista remonta desde os tempos do Monty Python.

As alegorias utilizadas por Gilliam como contraponto do mundo atual esta aderente com a corrente de pensamento dos filósofos sociais a cerca dos abismos o qual raça humana (parece) esta caminhando em direção; perda de alteridade, banalização das relações intra e interpessoal em detrimento das tecnologias de interação virtual. E tudo embalado no característico senso de humor do sujeito mais criativo dos monty pythons.

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