Pagando por sexo é uma HQ autobiográfica no qual autor relata sua opção por abdicar dos relacionamentos convencionais, e adota o sexo pago para satisfazer instintos básicos. Sua opção é criticada pelos amigos, dentre eles R Crumb. Essa dialética entre o moral, o imoral e as convenções sociais são bem abordados nos diálogos dos amigos, que não encontram argumentos para demover de Brown opção pelo amor cronometrado. Por outro lado, o relato de Brown é exemplo contundente da fragilidade das relações. Suas reflexões a cerca dos sofrimentos envolvidos numa relação, segundo o autor, é motivo suficiente para adotar a nova abordagem do sexo, claro sem esquecer sua vertente econômica, que segundo seus cálculos sai mais barato que manter relacionamento convencional.
Outro ponto muito bem desenvolvido na abordagem de Brown é a questão das prostitutas. Lembrando que no Canada prostituição é crime. Ele cuidadosamente cria artifícios para não expor ou mesmo correr risco de ter uma das mulheres reconhecidas, já que todos os encontros são reais. E para tal ele as desenha sempre de costas. E alguns diálogos foram ficcionadas com mesmo fim, não fornecer pistas das identidades das garotas, porem sem subtrair humanidades desses atores sociais. E diante dessa abordagem, a HQ possui dinâmica elegante no que diz respeito a conflitos dos personagens em cena.
Chester Brown faz quadrinhos com cunho documental, no qual explora vivencias do cotidiano para dar vida aos seus personagens. Em seu primeiro trabalho, 'Yummy Fur' essa temática social estava presente, sempre carregada de inteligente senso de humor e reflexões sociopolítico. Ele também é frequentemente mencionado quando esta em pauta a revolução adulta dos quadrinhos, que há muito deixou de ter conotação infantil.
A cerca de qualquer discussão sobre certo ou errado diante da prostituição, os diálogos de Brown desperta curiosa reflexões mesmo para aqueles que frequentam ou não casas de prostituição.
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