quinta-feira, 25 de junho de 2020

Por Pachá

Frank Whaley é um fiel batalhador do cinema independente, como ator está em produções de sucesso, e não importa que seja pontas ou participações, como em Pulp Fiction, Nascido em 4 de Julho, JFK só para citar alguns. Quase sempre é escalado para os filmes de Oliver Stone, com quem tem parceria de longa data. Como diretor, seu primeiro filme, Joe the King 1999, no qual ele assina roteiro e direção, ganhou o prêmio Waldo de roteiro no festival de Sundance. Ele foi apontado como uma das grandes promessas da nova geração de atores, mas isso por algum motivo, não se realizou.

Joe (Noah Fleiss) é um guri de 14 anos, pobre e com uma estrutura familiar precária, que procura sobreviver a falta de afeto, carinho, atenção, bullying, exploração e uma tonelada de problemas no qual se enfia. Seu pai (Val Kimer) é alcoolatra e tem a péssima mania de pedir dinheiro emprestado e protelar pagamento, o que gera certo embaraço para Joe e seu irmão Mike (Maxi Ligosh), uma vez que alguns credores são seus professores. Sua mãe (Karen Young), ausente, mas ainda sim, demonstra certo afeto, mas apenas quando sofre abusos do marido, e busca em Joe um frágil amparo.


Se em Os incompreendidos de Truffaut toda hostilidade do mundo dos adultos, tem como contra ponto a narrativa poética, em Joe the King, não há poesia, o trabalho no restaurante para defender uns trocados é um uma amostra do mundo dos adultos, e como conselho de seu pai, em um diálogo tão caro para este, ele diz, há pessoas boas, e pessoas como eu, esse é o melhor conselho que posso te dar. Porém um conselho ou sermão de nada adianta se não vier com suporte, afeto, empatia. Joe está a mercê do mundo que parece estar desabando sob seus pés toda vez que sai de casa.

As interpretações são bem corretas, Noah Fleiss toma conta das cenas com grande desenvoltura e talento. Val Kilmer sempre em estado de torpor alcoólico, me pareceu um tanto forçada, mas rende boas passagens, quando ele está, entre sóbrio e bêbado. A fotografia de Michael Mayers é atraente, explora ângulos e movimentos em composições sempre muito próximo dos atores, conferido dramaticidade do roteiro. O trabalho de cor lembra os anos 80, muito embora acredito que o filme seja ambientado nos anos 70.

A direção de Whaley é segura e fluída, e os eventos são bem encadeados, sem deixar "barrigas" de roteiro, e os 100min de filme não são percebidos. A principio o diretor seria John Leguizamo, mas este ficou com o personagem Jorge, colega de trabalho de Joe. 

 Quando levamos em conta que se trata do primeiro trabalho, percebemos que Whaley é o cara, eu ao menos tenho grande admiração pelo cara. Joe the King é um filme para ver e rever, se possível em dupla com Os incompreendidos.



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