terça-feira, 26 de julho de 2011

Vinhas da Ira


Por Pachá
Baseado no livro de John Steinbeck, publicado de 1939, Vinhas da Ira é levado para as telas por John Ford em 1940. O cenário é um uma América em profunda depressão econômica de 1929. Os Joads família de Oklahoma que tem suas terras arrendadas por grandes bancos se vêem obrigados a abandoná-la. A odisseia dessa família é vista pela percepção de Tom Joad (Henry Fonda) que após cumprir quatro anos de prisão por homicídio e ao retornar para o lar dos seus pais encontra a família em completa miséria.

A família decide migrar para Califórnia e lá conseguir emprego nas colheitas de uva, laranja e algodão. O filme então ganha ares de road movie, com a família atravessando o deserto americano em um calhambeque em péssimas condições. Pelo caminho os mais idosos vão perecendo, primeiro o avo, desgostoso por abandonar suas terras, morre na estrada. Em seguida por falta do companheiro morre a avó as portas dos campos californianos.

As interpretações são convincentes e bem marcadas pelo enxuto e eficiente roteiro. Henry Fonda, segundo críticos, em sua melhor atuação, encarna com profundidade o atormentado homem do sec.XX, sem trabalho, sem lar, mas de uma vontade e esperança quase inabalável. A visão de Ford para a degradação da família que aos poucos vai se desintegrando, seja pela morte ou abandono é triste. E mesmo diante da falta de perspectiva, agruras pelo capitalismo desenfreado de lucros a qualquer preço. A família Joad tenta se manter integra no seu conjunto de valores moral e ético. A cena da parada no posto de gasolina para comprar pão é um exemplo, alias o filme está repleto de sutis detalhes de ética, moral e proletarização, no qual o personagem de Henry Fonda é o instrumento para tal, e mesmo o tempo em que passou na prisão é explicado para não colocarmos o caráter de Tom em julgamento. Os primeiros diálogos do filme e o encerramento, todos na interpretação de Henry Fonda são de marear os olhos. "... Sei que você está louco para saber porque passeie quatro anos na prisão, mas vou te poupar desse tormento. Foi por homicídio" e o final que é a marca de Jonh Ford, mas que caiu muito bem e eternizou Henry Ford.
“...Eu estarei nos cantos escuros. Estarei em todo lugar. Onde quer que olhe. Onde houver uma luta para que os famintos possam comer, eu estarei lá. Onde houver um policial surrando um sujeito, eu estarei lá. Estarei onde os homens gritam quando estão enlouquecidos. Estarei onde as crianças riem quando estão com fome e sabem que o jantar está pronto. E, quando as pessoas estiverem comendo o que plantaram e vivendo nas casas que construíram, eu também estarei lá.”

John Ford possuía fama de sentimentalista ao extremo com histórias lacrimosas, mas Vinhas da Ira é um filme triste por si só, por ser um fato histórico. O filme concorreu ao Oscar de 1941 e perdeu para Rebecca de Alfred Hitchcock. Como forma de reparar o erro do ano anterior Hollywood premia Como era verde meu vale, trabalho sentimentalista bem ao estilo de Ford. Nada demais se o filme que concorria com ele  não fosse Cidadão Kane. E de erros justificados com outros erros está tomado a história desse premio que nada prova, o Oscar.

Vinhas da Ira é um clássico que merece ser visto, seja pelo seu contexto histórico seja pela exposição da faceta do capitalismo que transforma famílias em objetos errantes, de sofrimento e mágoas.

Jane Darwell (Ma Joad)
John Carradine (Casy)
Charley Grapewin (Avô)
Dorris Bowdon (Rosasharn)
Russell Simpson (Pa Joad)
O.Z. Whitehead (Al)
John Qualen (Muley)

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