Por Pachá
Le feu Follet (Fogo Fátuo) de 1963 é a luta de Alain Leroy (Maurice Ronet) para encontrar sentido em continuar a viver. Alain encontrou na tentativa de domar o alcoolismo a inautenticidade do cotidiano, mas não consegue transcender a esterelidade da vida.
De passado exuberante, mas sem sentido amparado na felicidade da ignorância Alain se interna em uma clinica de reabilitação nos arredores de Versalhes. Ao renegar seus desejos matando a essência de sua personalidade, não lhe sobra muito em que se amparar, e a angustia diante da finitude do ser e por conseguinte a pulsão da morte toma conta de seus dias. Edegar de Rei Lear disse que "O pior não existe, enquanto podemos dizer, isto é pior" Alain tenta acabar com o pior, dando cabo da própria vida, ele vê neste um limiar e não um beco sem saída.
Malle veste o personagem de seu filme na mais angustiante visão do homem moderno, esvaziado de sentido e abraçado pelo tédio cotidiano, onde nem o sexo, arte, politica ou religião parece preencher esse vazio. "A vida não passa para mim, é por isso que quero acelera-la" diz Alain em conversa com seu médico.
Em preto e branco, a fotografia de Ghislain Cloquet contribui para esse clima de finitude, burguesa, fútil. Trinta anos esta noite é uma adaptação, não li o livro, de Pierre Drieu de La Rochelle para sua própria obra que por sua vez se inspirou no suicídio do poeta dadaista Jaques Rigaut que se matou no dia do seu trigésimo aniversário, dai o título do filme, mais próximo do livro que do filme de Mall. No elenco tem a musa de Malle figurinha em vários de seus filmes, Jeanne Moreau em papel curto.
Filme obscuro, de grande apelo dramático sem cair em clichês batidos ou mesmo autopiedade. Muarice Ronet encara com grande desenvoltura e autenticidade o peso de seu personagem.
Filme obscuro, de grande apelo dramático sem cair em clichês batidos ou mesmo autopiedade. Muarice Ronet encara com grande desenvoltura e autenticidade o peso de seu personagem.
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