quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Aura 1962

Por Pachá
Novela do escritor mexicano, mas nascido no Panamá em 1928, Carlos Fuentes Macías publicado em 1962. A estrutura narrativa de Fuentes é intrigante, elétrica com estilo marcante onde a questão da devastação do tempo permeia todas as páginas da novela. A narrativa está na segunda pessoa do singular, tu e mesmo trazendo referências explícitas de Charles Dickens, Grandes Esperanças, Aura é original dentro da sua abordagem obscura da vida e morte entrecortada pelo tempo. É importante lembrar que no período em que Fuentes escreveu Aura ele convivia com Luis Bruñel o que certamente o influencio para criar a atmosfera realística fantástica impregnada de mistério.

Felipe Montero é um historiador contratado pela senhora Consuelo, a partir de uma anuncio de jornal, para escrever as memórias de seu marido já falecido. Ao travar contato com o universo dessa senhora, que mais tarde é nos revelado ter 105 anos, Felipe conhece Aura a sobrinha de dona Consuelo. Imerso na escuridão do antigo casarão no qual ele vai morar por algumas semanas, aos poucos vai tomando parte na rotina de Consuelo e Aura, esta desperta no jovem historiador sentimentos, e se pega entre o sonho e a realidade em uma lucida e alucinada paixão de meandros sobrenatural.

O clima dúbio e lúgubre percorre toda a novela, criando hipóteses acerca de quem é a voz que narra a história, de Consuelo uma espécie de bruxa que manipula pessoas e até mesmo tempo, ou de Montero. Ou se tudo não passa de uma “viagem” de Consuelo como forma de manter as lembranças e resgatar a beleza, transfigurada em Aura. Seja como for, um caso de duplo ou segunda pessoa, a novela de Fuentes é uma leitura que prende o leitor tanto pelo estilo narrativo, como pelo clima de mistério.

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