sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A noite dos Cangaceiros Mortos-vivos

Por Pachá
“Um espectro assustador ronda o mundo: o espectro do neocangaço. Chega de Karl Max, Adam Smith. O negócio agora é Lampião. Só um autêntico cangaceiro pode se dar bem nessa tal de nova economia. Não tem essa de construir uma sociedade melhor para os filhos de nossos filhos. Os filhos de nossos filhos que se fodam...” Parece piada, e é.

Com esse discurso o personagem central de “A noite dos cangaceiros mortos-vivos” do jornalista Edson Aran (sim o editor da Playboy) tenta convencer quem ele vai encontrando pelo meio de sua jornada até Brasília, que o cangaço é que vai salvar o Brasil e o mundo. Vai salvar o Brasil porque vai destruir o mito do Sebastianismo, movimento místico ocorrido em Portugal no sec. XVI no qual o trono português foi dado a Felipe II, da Espanha da casa dos Habsburgo, devido a morte de D. Sebastião na batalha de Acerca-Quibi em 1578, e que segundo nosso intrépido anti-herói, Ermenegildo Pinto, alguns portugueses e brasileiros esperam a volta de D. Sebastião até hoje o que nos coloca na condição de párias até os dias vindouros. Vai salvar o mundo porque com o cangaço implantado o Brasil exportará cangaceiros para todo o globo.

A saga é demais engraçada, e não poupa religião, fatos históricos, natureza, tudo vira chacota na visão e percepção de Ermenegildo. Mas a parte engraçada é o encontro dele com certa Academia Real de Ciências Celtas Intergalática, uma mistura de santo Daime, com candomblé no meio do pantanal. A linguagem é pop, com sexo e muita violência a lá Tarantino e explicita homenagem aos filmes de terror de baixo orçamento. “A noite dos Cangaceiros mortos-vivos” é uma crítica a globalização e as técnicas de ser sujeito vencedor, bem sucedido, tão empregado pelo mundo corporativo, livros, e revistas do gênero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário