Kafka

Por Pachá
A primeira vez que assisti a esse filme fiquei impressionado pela fotografia preto e branco, nitidamente influenciada pelo expressionismo alemão criando um clima de suspense e terror. Esse filme, 1991, de Soderbergh faz um mix entre biografia e obras de Franz Kafka.

Soderbergh cria um mosaico com as obras de Kafka como, “O Castelo” a maior referência, “O processo” e “Metamorfose” esta última apenas em citações, quando lhe perguntam, “Em que está trabalhando atualmente Kafka, o que está escrevendo? Ao que ele responde, “Algo como um sujeito que acorda certa manhã e descobre que está se transformando em um inseto”. Mas Soderbergh procura criar, e consegue em minha opinião, dar cores ao estilo Kafkaniano, que é o efeito de labirinto da narrativa de Kafka “não preciso entender o que tenho que fazer, diga-me apenas o que devo fazer”, o filme tem isto de forma muito palatável nos cenários sempre remetendo as figuras ou situações labirínticas que fica mais realçado pela boa fotografia.

O filme também aborda alguns aspectos da personalidade de Kafka como, solidão, dificuldades em se relacionar com outros seres humanos, a rotina do funcionário publico, aspectos esses muito bem assimilados e externalizados por Jeremy Irons que compôs muito bem o lado cético e pragmático do poeta da inescrutabilidade. O elenco também com a Theresa Russell como a revolucionária que tenta com seu grupo desestabilizar O Castelo, o sempre correto Armin Mueller-Stahl como delegado investigador.

A trama do filme além de abordar as facetas da obra e vida de Kafka, tem seu pilar em uma história de suspense, criada a partir de misteriosas mortes que logo chamam a atenção de Kafka, um resignado escriturário de uma companhia de seguros, esta tem como maior, e quase exclusivo, cliente O Castelo. Quando seu colega de setor desaparece Kafka descobre que o mesmo está morto, e que a explicação da policia para o caso não é muito convincente. A partir desse fato Soderbergh vai costurando seu filme com realidade e ficção da vida de Kafka.

Kafka é o segundo longa de Soderbergh que se firmou como grande diretor aos 26 anos quando lançou Sexo, mentiras e videotape. Sua carreira iniciou com a realização de curtas e logo ganhou notoriedade ao filmar a turnê do grupo Inglês Yes na turnê 9012 Live.

Jeremy Irons  - Mr. Kafka
Theresa Russell - Gabriela
Joel Grey -  Mr. Burgel
Sir Ian Holm - Doctor Murnau
Jeroen Krabbé - Mr. Bizzlebek
Armin Mueller-Stahl - Inspector Grubach
Sir Alec Guinness - Chief clerk