sexta-feira, 13 de maio de 2011

O anjo exterminador


Por Pachá
O anjo exterminador de Bruñel está para o surrealismo assim como Roma Cidade Aberta está para o neo-realismo. A obra máxima de Bruñel vem de sua fase mexicana, da qual também temos o ótimo Ensaio de um crime.

Bruñel se apodera de todos os conceitos da psicanálise, mais precisamente das teses Freudianos de liberdade da mente enquanto em seu estado onírico onde a lógica não parece fazer nenhum sentido. Aquela sensação de aprisionamento em sonhos, onde queremos correr, mas nossas pernas não respondem ao comando de corra!

O todo da colcha de retalhos surreais criado por Bruñel obedece a clareza do consciente ainda que suplantada pelo o absurdo do inconsciente, criando portanto o estilo surreal que é desprovido de toda e qualquer critica a realidade.

Toda a trama gira em torno de um grupo de burgueses que após um espetáculo de ópera é convidado à jantar em casa de ilustre cidadão mexicano. Os acontecimentos ilógico, vão se apresentados sem muitas explicações para o espectador. Os empregados que mesmo com tantos anos servido a esta família resolvem se demitir. O pequeno desastre típico de filme pastelão quando um empregado tropeça e cai entornando toda a comida que seria servida aos convidados, que riem de tal fato. O comportamento da anfitriã que pretendia servia para os convidados no prato principal, carne de urso e ovelhas, mas estes ainda estão vivos e passeiam pela casa. O principal fato que caracteriza o estilo surreal reside na impossibilidade do grupo, que após o jantar não conseguem deixar a sala de estar, nem mesmo para dormir sugerindo forças ocultas impedindo até mesmo o grupo de se alojar nos quartos da grande mansão. E mais ainda, quando nenhum deles tenta procurar respostas para tal situação e sim em se adaptar a esta.

As expressões do surrealismo vão ganhando força a medida que a mascara burguesa vai se desfazendo, a hipocrisia e maneirismos vai perdendo força para a liberação da criatividade que nos convidados é externalizado como instinto de sobrevivência, fato este bem marcado quando o mordomo quebra uma parede para encontrar um cano de água para saciar a sede, ou quando um carneiro adentra a sala e é morto e assado em fogueira feita a partir de madeira dos móveis.

Por fim o grupo assim como em um pesadelo, despertam e conseguem deixar a sala. O deslace final também é curioso e deixa muitas possíveis interpretações. Após se recuperarem dessa experiência o grupo, que não é mostrado, apenas nos leva crer, vai à igreja e o fato ao que tudo indica ira se repetir, quando as portas da igreja se fecham e nem as ovelhas conseguem entrar.

Bruñel cria acima de tudo um filme com refinado e surreal senso de humor e de sobra ainda espeta a sofisticada burguesia mexicana esvaziada de sentidos mais profundos a cerca de seu tempo e posicionamentos ideológicos sociais.

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